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Curtailment de Energia: por que a limitação da geração é uma realidade no Brasil?

Entenda como o corte de geração afeta o setor elétrico e quais medidas podem mitigar o problema

Nos últimos anos, os eventos de curtailment têm se tornado cada vez mais frequentes. (elxeneize / Envato)

Nos últimos anos, os eventos de curtailment têm se tornado cada vez mais frequentes. (elxeneize / Envato)

Publicado em 20 de setembro de 2024 às 16h04.

Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 17h04.

As usinas solares e eólicas geram energia conforme sua capacidade instalada e a disponibilidade de recursos naturais, como radiação solar e velocidade dos ventos. Contudo, há momentos em que essa geração precisa ser limitada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mesmo com disponibilidade de recursos e potência remanescente no parque de geração. Este fenômeno é conhecido como “curtailment”.

As causas do curtailment podem ser classificadas em três categorias: (i) indisponibilidade externa, (ii) requisitos de confiabilidade elétrica, e (iii) razão energética. Os dois primeiros estão relacionados a dificuldades no transporte da energia gerada. No caso da indisponibilidade externa, a limitação ocorre devido a uma falha em alguma instalação de transmissão externa ao complexo gerador, causada por eventos como incêndios, raios, tempestades ou falhas de manutenção.

Já o segundo caso ocorre quando o limite da capacidade de transporte de energia nas linhas de transmissão é atingido. Finalmente, a terceira razão ocorre nos momentos em que não há demanda suficiente para absorver toda a geração disponível, afetando o equilíbrio entre a oferta e a demanda, que é fundamento primordial no setor elétrico.

Dessas situações, os geradores somente são ressarcidos em casos de falha nos equipamentos de transmissão, e apenas quando atingida uma franquia mínima de horas de curtailment ao ano, que é determinada pelo ONS.

Nos últimos anos, os eventos de curtailment têm se tornado cada vez mais frequentes, com volumes crescentes, principalmente porque a expansão da rede de transmissão e da demanda não acompanha o ritmo de instalação de novos parques geradores, que cresce a taxas mais aceleradas. Isso afeta fortemente os geradores no cumprimento de suas responsabilidades contratuais e, em última instância, na viabilidade dos projetos.

Nesse cenário, os geradores, individualmente e por meio de suas associações, têm demandado soluções, seja através de ressarcimentos, seja por uma definição mais clara dos critérios usados pelo ONS para definir quais agentes terão sua geração limitada.

Independentemente da solução regulatória, o enfrentamento estrutural do curtailment passa pela compatibilização entre a expansão da geração, transmissão e demanda. Este contexto cria oportunidades para o desenvolvimento de novos modelos de negócio com o potencial de reequilibrar o balanço entre a oferta e a demanda de energia, como os sistemas de armazenamento de energia (baterias e usinas reversíveis), capazes de estocar a energia que seria restringida, além da maior eletrificação da economia, impulsionada por data centers, hidrogênio verde e veículos elétricos.

No entanto, enquanto essas soluções não são implementadas, é importante que os investidores conheçam e contabilizem os riscos do curtailment, realizando previsões e analisando as condições de suprimento do sistema, para evitar surpresas ao consolidar o balanço. Tal avaliação é fundamental tanto para empreendimentos novos quanto para os empreendimentos já em operação.

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