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Coragem, um substantivo feminino

"Aliar criticidade e exigência é fundamental para obter êxito na profissão, mas é preciso escapar da falsa ideia de não nos sentirmos completamente preparadas quando, na verdade, já somos", conta Ângela Assis, presidente da Brasilprev Seguros & Previdência, para a EXAME Plural

Ângela Assis, presidente da Brasilprev: "Muitas pessoas ainda entendem o 'sucesso' feminino como casamento, maternidade ou beleza, e o 'sucesso' dos homens, à carreira" (Divulgação/Divulgação)

Ângela Assis, presidente da Brasilprev: "Muitas pessoas ainda entendem o 'sucesso' feminino como casamento, maternidade ou beleza, e o 'sucesso' dos homens, à carreira" (Divulgação/Divulgação)

EXAME Plural
EXAME Plural

Plataforma feminina

Publicado em 27 de março de 2024 às 14h42.

*Por Ângela Assis

Você já reparou como nós mulheres somos muito mais críticas conosco mesmas do que os homens? Quando isso acontece, precisamos nos agarrar a uma palavra que normalmente é mais atribuída a eles do que a nós: coragem. Não por acaso, é um substantivo feminino! Esse é um termo que gosto muito e que, desde cedo, prático.

Por questões culturais, muitas pessoas ainda entendem o “sucesso” feminino como casamento, maternidade ou beleza física, ao passo que o “sucesso” dos homens costuma estar associado à carreira/profissão. Esse “status quo”, que está mudando, felizmente, pode influenciar as escolhas ou pretensões das mulheres na vida profissional. É comum acharmos que não estamos capacitadas o suficiente para uma promoção ou não valorizarmos nossas conquistas, ou seja, vivenciarmos a “síndrome do impostor”.

É necessário enfatizar que nem sempre estamos 100% preparadas para assumir um desafio ou nos candidatarmos a um cargo. Isso é natural, já que estamos em constante desenvolvimento e aprendendo coisas novas todos os dias. Nesse sentido, o primeiro passo é ter coragem para expor nosso interesse, se houver, e defender nossas competências.

A criticidade, muito relevante para buscarmos a excelência, precisa ser dosada com cuidado. Isso porque, muitas vezes, por preciosismo, deixamos de ter um olhar mais gentil e real sobre o nosso potencial e nossas realizações. Aliar criticidade e exigência é fundamental para obter êxito na profissão, mas é preciso escapar da falsa ideia de não nos sentirmos completamente preparadas quando, na verdade, já somos!

Sou muito assertiva e objetiva, desde sempre. A convicção é uma constante na minha vida, inclusive na minha carreira, iniciada em 1992 no Banco do Brasil. Tive a oportunidade de trabalhar em diversas áreas e “empresas” dentro do banco, e assumi em 2013 a minha primeira diretoria, na BB Seguridade. Mas a real consciência da importância de ocupar um lugar de liderança, sendo uma executiva mulher, veio com o impacto da minha nomeação para o cargo de direção mais alto da Brasilprev.

Naquele momento, pude perceber o quanto a minha promoção foi representativa para outras mulheres. Recebi muitas mensagens celebrando esse momento. De fato, ao atingirmos essa posição, tornamo-nos espelho para que outras se sintam capazes de chegar lá também. Somos inspiração, e isso traz muita responsabilidade.

Temos muitas mulheres preparadas para assumirem cargos executivos, sem dúvida. Por isso, é necessário estabelecer metas consistentes, práticas e, principalmente, alcançáveis para que tenhamos mais de nós em posições de destaque nas companhias. Precisamos reconhecer que a diversidade é essencial para o progresso do negócio, já que a pluralidade de perspectivas enriquece a tomada de decisões e a resolução de desafios complexos.

Cabe também a nós, mulheres em cargos de gestão, tentarmos acelerar esse processo. É importante disseminarmos o tema da Diversidade, ressaltando o quanto é necessário termos pessoas pensando de forma diferente para resolver um determinado problema, quebrando a armadilha da homogeneidade de experiências.

Estamos evoluindo no assunto, mas queremos mais. Ainda vejo muitos eventos no setor em que só há homens em destaque. Isso acontece, muitas vezes, pelo fato de as mulheres serem mais comprometidas com a entrega e com a gestão dos times do que com criar networking e divulgar o seu trabalho. Porém, essas últimas competências também precisam ser exercitadas por nós, pois são relevantes profissionalmente.

Concluindo, e voltando ao substantivo coragem, é importante usá-la e se posicionar sobre seus objetivos. Então, para a mulher que almeja estar em um cargo executivo, é preciso demonstrar isso para sua liderança, deixando de lado a vergonha de reconhecer suas habilidades e competências. E ao chegar lá, trabalhar em equipe, mostrar coerência entre discurso e prática e ser presente são fatores fundamentais, além, claro, de preparar e apoiar outras mulheres para o sucesso pessoal e em sua carreira.

*Ângela Assis é presidente da Brasilprev Seguros & Previdência 

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