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COP30 em debate no South Summit: sistema financeiro será chave para metas climáticas

Especialistas apontam que bancos e investidores precisam renovar abordagens para mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais,

South Summit 2025: edição dedicada a celebrar a resiliência da região Sul, mas foco em soluções para lidar com as catástrofes climáticas. (Leandro Fonseca /Exame)

South Summit 2025: edição dedicada a celebrar a resiliência da região Sul, mas foco em soluções para lidar com as catástrofes climáticas. (Leandro Fonseca /Exame)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 10 de abril de 2025 às 12h13.

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* Porto Alegre

Em uma edição dedicada a celebrar a resiliência da região Sul, mas com forte foco em soluções para lidar com as catástrofes climáticas, o South Summit reuniu, na manhã desta quinta-feira, 10, um time de especialistas para analisar os resultados da COP29 como vetor das expectativas para a COP30.

Conduzido por Caroline Takita Levy, CEO da e-Amazonia Climatech Venture Studio, contou com Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, Gonzalo Muñoz,  um dos mais celebrados Climate Champions, que ocupou o cargo na COP25, e Ana Luci Grizzi, da ALG Sustainability Consulting.

Em Baku, resultados modestos, mas necessários

Natalie Unterstell, que foi negociadora climática pelo Brasil por cinco anos, caracterizou a COP29 como um ambiente "muito difícil", em que imperou um clima de desconfiança e incerteza, talvez inédito na história das Conferência do Clima.

Contudo, mesmo diante dos obstáculos, Natalie destacou: "Saimos com um acordo feito. Perfeito, limitado, que não era o que queríamos ou o que o planeta precisa e quer. Mas ainda assim, foi concluído e isso foi muito positivo", analisou.

Para a presidente do Talanoa, o desfecho da COP29  foi essencial para evitar o colapso do modelo das Conferências das Partes. "Se não tivéssemos apresentado algo, enfrentaríamos desafios maiores este ano em Belém, basicamente tentando resgatar o processo da COP", explicou.

Brasil como anfitrião: momento histórico

Quando o então governo brasileirou decidiu, em 2018, retirar sua candidatura para sediar a COP25 por restrições orçamentárias e a transição do novo governo eleito, o Chile quase "herdou" o compromisso.

A Conferência acabou por acontecer em Madri. Porém, empreendedor e especialista em economia circular e energias limpas, o chileno Gonzalo Muñoz assumiu como Climate Champion, na edição em que se criaria a Lei COP25, que designou um orçamento para o High-Level Champion - a função, resumida a grosso modo, é responsável por apoiar a gestão da COP no diálogo com os atores não estatais.

Em sua fala, o ambientalista celebrou o fato de o Brasil receber, em novembro, a Conferência. "É fundamental ter uma COP novamente no Brasil, com seu peso geopolítico para o mundo", afirmou.

"É uma mensagem definitiva sobre como será superado aquele momento em que recusamos sediar, neste momento que estamos construindo um caminho para estabilização da humanidade e da natureza nesse espaço seguro", completou Muñoz.

Adaptação, a prioridade

Um dos tópicos centrais do painel foi a adaptação climática como foco para na Conferência que acontece em Belém. "Sem dúvidas, o principal tema este ano é adaptação. É o assunto com mais questões pendentes a serem resolvidas, em um momento decisivo", opinou Natalie.

"Agora temos as enchentes para provar que os sistemas de gestão de risco corporativo não estão atualizados ou adaptados para incorporar riscos climáticos e realmente gerenciar e identificar as oportunidades relacionadas", lembrou Ana Luci Grizzi, em referência aos eventos extremos que atingiram o Sul do país em 2024.

Ana Luci também analisou o desafio de mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais para o financiamento climático - conforme o acordo em Baku -, identificando como principal barreira a necessidade de transformar o sistema financeiro.

"Os diferentes setores financeiros precisam dialogar com governos e empresas para atualizar o entendimento sobre riscos climáticos, renovar o sistema e desenvolver novas abordagens sobre garantias para os investimentos", afirmou.

Natalie Unterstell acrescentou a importância de adequar as infraestruturas às novas condições climáticas. "No Brasil, algumas fontes renováveis apresentam rendimento abaixo do esperado por não estarem adaptadas ao clima atual", exemplificou.

Quanto custa não agir?

Encerrando o debate, Ana Luci Grizzi apresentou dados sobre o custo econômico da inércia climática. "Um estudo recente do National Bureau of Economic Research dos EUA, de novembro de 2024, indica que um aquecimento de um grau Celsius representa uma redução de 12% do PIB mundial. Este é o dado mais confiável disponível para a questão climática", alertou.

A conversa foi concluida com uma reflexão sobre a diversidade nas discussões climáticas, com Muñoz reconhecendo sua posição como único homem no debate, observando que "o clima enfrenta também um significativo desafio de representação, que precisa ser endereçado".

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