Carlos Almiro, da BRK Ambiental (centro) e Marcelo Pasquini, do Bradesco (à dir.), debatem o mercado de carbono na COP27 (Leandro Fonseca/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 21 de novembro de 2022 às 14h48.
Última atualização em 22 de novembro de 2022 às 12h07.
No último dia da COP27, o Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e a Coalizão Clima, Floresta e Agricultura organizaram um painel com representantes do setor privado, academia e terceiro setor para discutir o mercado de carbono. Moderado por Viviane Romeiro, do CEBDS, o painel abordou um os principais temas discutidos em Sharm-el-Sheik: as oportunidades para o setor privado geradas pela transição para a nova economia.
Carlos Almiro, diretor de sustentabilidade da BRK Ambiental, e Marcelo Pasquini, diretor de sustentabilidade do Bradesco, discutiram os desafios e oportunidades ligados a esse mercado. Para Almiro, os investimentos em tratamento de esgoto, que foram destravados com a aprovação do marco regulatório do saneamento, representam uma oportunidade de geração de créditos de carbono.
Ele explicou que cada estação de tratamento de esgoto tem potencial para ser uma geradora de energia a partir do gás metano que é retirado do lodo resultante do tratamento. Esse processo abre um leque de oportunidades para compensar as emissões do agronegócio por meio de créditos de metano, por exemplo. “E tudo isso traria uma nova receita, aumentando o valor presente líquido (VPL) dos projetos”, afirma Almiro.
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Para Pasquini, do Bradesco, todas as discussões sobre mercado de carbono convergem para a mesma questão: como será a transição para uma economia de baixo carbono. “As indústrias precisam implementar seus planos para reduzir emissões e, a partir daí, começamos a pensar em como a transição será financiada e no mercado de carbono, para compensar as emissões restantes”, disse Pasquini.
Planos, financiamento e mercado de carbono são três pautas que precisam conversar. Mas Pasquini lembra que o mercado de carbono não é suficiente para resolver as questões climáticas. “Para limitarmos o aumento da temperatura, as empresas têm que reduzir suas emissões, e compensar apenas o que não conseguirem reduzir”, explica.
O executivo também citou a importância da bioeconomia e do mercado de carbono para rentabilizar a floresta. “Quando a floresta começa a gerar renda, gera um incentivo para frear o desmatamento”, afirma. E a queda do desmatamento terá impacto direto na redução das emissões, já que 50% das emissões brasileiras vêm do desmatamento e da degradação das florestas. “Reduzir o desmatamento, e consequentemente as emissões, só depende do Brasil”. A redução das emissões pode recolocar o Brasil em posição de vanguarda na agenda ambiental.