Teresa Vernaglia, CEO da BRK Ambiental na COP27 (Marina Filippe/Exame)
Marina Filippe
Publicado em 18 de novembro de 2022 às 06h42.
Um dos grandes desafios da COP27 é estabelecer, entre os países, formas de mitigar os danos causados pelas mudanças climáticas, e conseguir financiamento dos países ricos para adaptações que mudem a vida dos que mais sofrem com efeitos negativos. Enquanto isso, companhias privadas atuam pragmaticamente para antecipar um cenário ainda não regulado pelas delegações, como é o caso da empresa brasileira de saneamento BRK, que apresentou suas ações em painel realizado nesta quarta-feira, 16, no Egito.
"A BRK é a primeira empresa de saneamento a ter emissão de debêntures azuis no Brasil, os chamados blue bonds. A oferta, no valor de R$ 1,95 bilhão e com prazo de 20 anos, universaliza o acesso à água na região metropolitana de Maceió (AL)", disse Teresa Vernaglia, CEO da BRK Ambiental.
A emissão da BRK Ambiental Região Metropolitana de Maceió S.A. teve uma demanda relevante, superior a R$ 3 bilhões (1,6x sobre demanda), e foi direcionada para um público amplo, composto por investidores institucionais e de varejo, já que a emissão, também classificada como debênture de infraestrutura incentivada, conta com isenção de imposto de renda para pessoas físicas.
A operação irá beneficiar mais de 1,5 milhão de pessoas que moram na região, contemplando também geração de renda e outras melhorias locais. "Este é um projeto de grande impacto população. Com ele, mais 1.200 pessoas foram empregadas de forma direta e indireta em seis meses. Um deles, por exemplo, teve um trabalho formal pela primeira vez em 45 anos de vida", diz Teresa.
Para Gustavo Montezano, presidente do BNDES, também presente na apresentação na COP27, os blue bonds são a próxima grande onda dos temas de sustentabilidade no Brasil. "Temos gerado créditos para a economia verde, mas também percebido que iniciativas concretas surgem para a economia azul, algo essencial considerando o potencial para águas e oceanos". Segundo ele, o BNDES tem se esforçado para o crescimento da agenda.
O desafio agora é aumentar os financiamentos desse tipo. "O Brasil é um país com uma enorme população e altos índices de desperdício de água. Neste cenário, mais blue bonds podem resolver problemas urgentes de infraestrutura", afirmou Tom Eveson, vice-presidente na Sustainalytics.
Teresa lembra ainda que melhorar as comunidades é também criar valor para os stakeholders. "Os blue bonds parecem específicos para a área ESG, mas estão envolvidos aos riscos e todo o negócio. Se as mudanças climáticas causam secas, por exemplo, isto afeta diretamente os negócios e, consequentemente, a população. Isto é sobre resiliência e adaptação".
O que são os blue bonds?
As debêntures azuis, ou blue bonds, são papéis de dívida emitidos especificamente para financiar projetos com benefícios ambientais ligados à preservação de recursos hídricos, por meio da preservação dos oceanos e da vida marítima.
"As blue bonds são relativas às ações de oceanos e águas, algo extremamente relevante ao considerar que tudo que acontece na terra afeta os mares. Além disso, os oceanos cobrem 2/3 do planeta, algo que mostra tamanha importância da evolução dos bonds”, diz Tom.
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