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Contaminação: nível de bactérias nas águas do Sena está bem acima do tolerado (James O'Neil/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 28 de junho de 2024 às 15h01.
Última atualização em 28 de junho de 2024 às 15h27.
A angustiante contagem regressiva para os organizadores de Paris-2024: a menos de um mês da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, o Sena ainda não está pronto, devido ao volume excessivo de água e às altas concentrações de bactérias.
O emblemático rio que atravessa a capital francesa deve ser um dos grandes protagonistas da competição, como cenário imponente da cerimônia de abertura em 26 de julho e das competições de triatlo e natação em águas abertas. Apesar da primavera chuvosa e cinzenta ter dado lugar a um começo de verão seco e ensolarado, as precipitações das últimas semanas tiveram grandes consequências hidrológicas.
Os resultados das análises da qualidade da água do rio, publicados nesta sexta-feira, 28, pela prefeitura de Paris e pela administração regional, com dados de 17 a 23 de junho, revelam um aumento significativo na concentração de bactérias fecais em comparação com as duas semanas anteriores.
A concentração de 'Escherichia coli' e de enterococos não deve exceder, respectivamente, mil e 400 unidades por ml de água para que o banho seja autorizado, mas no início da semana analisada o pico foi de 13 mil para o primeiro e entre 2 mil e 6 mil no fim de semana.
Quanto à outra bactéria, cujos valores devem estar entre 100 e 500 UFC/100 ml, foi ultrapassado amplamente o limite de mil, chegando até 2 mil em alguns momentos.
"A qualidade da água continua degradada devido a um contexto hidrológico desfavorável: chuvas, alto volume de água, pouco sol, temperaturas mais baixas do que o normal para esta época e poluição rio acima", afirmaram a prefeitura de Paris e a administração regional.
"Esperamos que a situação melhore nesta semana, considerando as previsões meteorológicas", acrescentou a administração da região parisiense à AFP. O órgão já havia advertido na quarta-feira que o banho não seria autorizado no início de julho.
O tempo está se esgotando: além da cerimônia de abertura, está prevista a competição de triatlo nos dias 30 e 31 de julho, além de 5 de agosto, e a natação em águas abertas nos dias 8 e 9 de agosto. O paratriatlo está programado para 1º e 2 de setembro.
Em caso de chuvas intensas, a água não tratada (uma mistura de chuva e esgoto) pode acabar no rio, uma situação que as obras de retenção inauguradas antes dos Jogos têm a função de evitar.
As autoridades detalharam que as chuvas dos dias 17 e 18 de junho permitiram que a barragem de Austerlitz, inaugurada no início de maio, funcionasse pela primeira vez.
Se essas infraestruturas não forem suficientes em caso de fortes chuvas, o plano B dos organizadores é adiar as competições programadas.
O problema não é apenas bacteriológico, mas também do volume das águas, já que o fluxo do rio chegou a ser seis vezes maior do que o habitual durante a semana analisada, com um pico de 666 metros cúbicos por segundo em 23 de julho, quando o normal para este período é entre 100 e 150 metros cúbicos.
Por esse motivo, o ensaio da cerimônia de abertura, previsto para a última segunda-feira, teve de ser adiado. Embora tenha diminuído um pouco depois, desde quinta-feira tem se mantido estável em cerca de 430 m³/s.
Um volume excessivo não apenas representa perigo para os nadadores, mas também dificulta o desfile náutico planejado para a cerimônia de abertura, aumentando a velocidade das embarcações das delegações e desajustando o cronograma de um espetáculo meticulosamente planejado.
A agência meteorológica francesa prevê novos episódios de chuva para a primeira semana de julho, sendo ainda cedo demais para fazer previsões para as três semanas restantes até os Jogos.
Os organizadores mantêm a esperança de que tudo seja resolvido a tempo, mas depender dos caprichos do clima é sempre arriscado.