ESG

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Condenado por crimes ambientais, dono da Dolly pode ser preso

Empresário recebeu pena de mais de 16 anos por desmatamento ilegal e corrupção de servidores na Grande São Paulo; processo começou em 2018

Laerte Codonho, dono da Dolly: empresário foi condenado por desmatamento ilegal e tentativa de corromper servidores públicos para evitar punições.

Laerte Codonho, dono da Dolly: empresário foi condenado por desmatamento ilegal e tentativa de corromper servidores públicos para evitar punições.

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 15 de março de 2025 às 12h18.

Última atualização em 15 de março de 2025 às 12h28.

Tudo sobreESG
Saiba mais

O empresário Laerte Codonho, proprietário da fábrica de refrigerantes Dolly, foi condenado pela Justiça por crimes ambientais e corrupção ativa em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. A sentença, publicada na última sexta-feira (14), impôs ao empresário penas que somam mais de 16 anos de reclusão e detenção.

Segundo as investigações do Ministério Público, Codonho ordenou um desmatamento ilegal em uma área de preservação ambiental em São Lourenço da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, em 2016. A ação teve graves consequências, causando inundações e prejuízos consideráveis aos moradores da região.

Para evitar punições e viabilizar seu empreendimento irregular, o empresário recorreu à corrupção, pagando propina a servidores públicos. De acordo com os autos do processo, policiais militares e civis, além de um então diretor de Obras da prefeitura, receberam vantagens indevidas para permitir a continuidade do desmatamento na área protegida.

A sentença, assinada pelo juiz Djalma Moreira da Silva Gomes, da Comarca de Itapecerica da Serra, destacou que Codonho usou seu poder como dono do Grupo Dolly para "empregar esforços para atuar à margem da lei". O empresário foi condenado por quatro tipos de crime: corrupção ativa, crime ambiental, falsidade ideológica e falsificação de documento particular.

Multa e prisões em dois regimes

As penas foram divididas. O empresário deverá cumprir 11 anos, 4 meses e 1 dia de reclusão em regime fechado pelos crimes considerados mais graves ; e mais 4 anos, 10 meses e 4 dias de detenção em regime semiaberto pelos crimes mais leves. Além da prisão, Codonho foi condenado ao pagamento de multa que ultrapassa R$ 550 mil.

A defesa do empresário argumentou que há nulidade nas investigações, alegando que o Ministério Público não teria dado ciência a ele e seus advogados das apurações, nem os notificado para prestar esclarecimentos. Codonho já anunciou que irá recorrer da decisão.

Junto com o dono da Dolly, outras sete pessoas foram condenadas por participação nos crimes ambientais e esquema de corrupção. O caso remonta a maio de 2018, quando Laerte Codonho foi preso em sua casa na Granja Viana, em Cotia, na Grande São Paulo.

Na época, em entrevista à revista EXAME, o empresário alegou ser vítima de perseguição. "Só estão fazendo isso porque minha empresa está indo muito bem. Não vão conseguir me quebrar", afirmou Codonho, que também acusou a concorrência de estar por trás das investigações.

A condenação por crimes ambientais é apenas um dos processos na conturbada trajetória judicial do empresário, que já enfrentou diversas acusações no passado, incluindo suspeitas de sonegação fiscal que levaram a Dolly à recuperação judicial em 2018.

Em outro episódio, Codonho acusou seu ex-contador, Rogério Raucci, de dar um golpe de mais de 100 milhões de reais contra a empresa. "A concorrência está por trás das acusações", insistia o empresário, que chegou a afirmar que teve "centenas de milhões de reais em bens" bloqueados pela Justiça.

Raucci, que era sócio da RD Assessoria Contábil, foi responsável pela contabilidade do grupo por 15 anos e teria alterado guias de impostos e sentenças trabalhistas, usando documentos falsos para justificar desfalques aplicados à fabricante. Posteriormente, o contador foi condenado pelo crime de litigância de má fé após a delação premiada de seu ex-sócio, Esaú Vespúcio Domingues.

O recente caso evidencia como crimes ambientais, frequentemente associados a esquemas de corrupção, têm sido tratados com maior rigor pelo sistema judiciário brasileiro.

Acompanhe tudo sobre:Preservação ambientalDolly RefrigerantesESGCorrupção

Mais de ESG

Gupy expande programa de diversidade com foco em liderança feminina

Chinelo da Yuool recicla mais de 1,7 mil garrafas PET em apenas seis meses

Especial Trajetórias: Laura Parkinson, da recusa ao topo na L'Oréal Brasil

Chuvas em SP: ViaMobilidade investe R$ 7,3 milhões para tornar transporte mais resiliente