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Como restrições ambientais em Pequim ameaçam Nvidia

Agenda verde chinesa coloca US$ 17 bilhões da empresa americana em risco

Entre a sustentabilidade e a geopolítica: como Pequim pressiona a Nvidia. ( Artur Widak/NurPhoto via Getty Images/Getty Images)

Entre a sustentabilidade e a geopolítica: como Pequim pressiona a Nvidia. ( Artur Widak/NurPhoto via Getty Images/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 1 de abril de 2025 às 09h59.

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A gigante americana de semicondutores Nvidia precisará enfrentar um novo desafio regulatório na China que pode comprometer significativamente suas operações em um mercado estratégico.

Há cerca de uma semana, o governo chinês, através da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), implementou rigorosos padrões de eficiência energética para data centers que colocam em xeque a comercialização do chip H20, principal produto da empresa no país asiático.

Nova política ambiental como barreira comercial

Introduzidas discretamente no ano passado e recentemente divulgadas pela imprensa internacional, as novas diretrizes determinam que empresas chinesas utilizem apenas chips que atendam a requisitos específicos de eficiência energética em novos data centers e na expansão de instalações existentes.

Segundo documentos analisados pelo Financial Times, o chip H20 da Nvidia – versão adaptada para o mercado chinês após as restrições de exportação americanas – não satisfaz os novos parâmetros ambientais.

Zhang Wei, especialista em política tecnológica do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Pequim, declarou ao jornal que a política se insere em um contexto mais amplo de transição verde na China, mas também reflete as crescentes tensões tecnológicas entre Washington e Pequim.

Impacto econômico potencial

O mercado chinês representa aproximadamente 13% das vendas globais da Nvidia, com receita estimada em US$ 17,1 bilhões anuais. A implementação rigorosa das novas regras energéticas poderia, portanto, comprometer significativamente a posição financeira da empresa americana.

Fontes próximas à NDRC indicam que o regulador chinês tem discretamente desencorajado as principais empresas de tecnologia do país, como Alibaba, ByteDance e Tencent, de adquirir chips H20.

Entretanto, as regras não têm sido aplicadas com máximo rigor, o que permite que as vendas dos processadores continuem em ritmo acelerado. "As implicações serão gritantes se a comissão decidir aplicar a proibição de forma mais rigorosa", alerta o Financial Times, destacando o risco iminente aos negócios bilionários da Nvidia no país.

Adaptação técnica como solução provisória

A Nvidia alega estar trabalhando em adaptações técnicas para que o H20 atenda aos requisitos ambientais chineses.

Contudo, especialistas do setor ponderam que tais modificações comprometeriam o desempenho do chip, reduzindo sua competitividade frente a alternativas locais, como as soluções da Huawei, que já se alinham melhor à agenda verde de Pequim.

Em comunicado oficial, a companhia defendeu seus produtos: "Nossos produtos fornecem excelente eficiência energética e valor em todos os mercados que atendemos. À medida que a tecnologia avança rapidamente, a política de controle de exportação deve ser ajustada para permitir que as empresas dos EUA ofereçam os produtos mais eficientes em termos de energia possíveis".

Contexto geopolítico e tecnológico

As restrições energéticas surgem em um momento particularmente sensível das relações sino-americanas no setor tecnológico.

A China busca reduzir sua dependência de chips estrangeiros, especialmente após as limitações de exportação impostas pelos EUA, que impedem a Nvidia de enviar seus processadores mais avançados ao país por preocupações de segurança nacional.

Paralelamente, a demanda por chips de alto desempenho aumentou significativamente na China após o lançamento do modelo de IA da startup DeepSeek, impulsionando pedidos do H20 por gigantes tecnológicas chinesas que temem novas restrições de exportação dos EUA.

Manobras e contornos regulatórios

As empresas chinesas têm buscado alternativas para continuar utilizando os chips da Nvidia, aproveitando-se de brechas regulatórias.

Como as novas regras se aplicam apenas a data centers em construção, algumas companhias têm substituído chips antigos por H20 em instalações existentes, evitando assim potenciais inspeções e multas.

"O não cumprimento pode desencadear inspeções no local e multas subsequentes, um problema que a maioria das empresas chinesas deseja evitar", observou o Financial Times.

Perspectivas e articulações diplomáticas

Na tentativa de amenizar as tensões, a Nvidia busca organizar um encontro entre seus executivos e Zheng Shanjie, presidente da NDRC, nos próximos meses.

A empresa também enfrenta uma investigação antitruste iniciada em dezembro pela Administração Estatal para Regulamentação de Mercado da China.  Enquanto isso, as ações da companhia já refletem a incerteza do mercado.

Os papéis caíram mais de 4% após a divulgação das notícias e acumulam perdas próximas a 15% em 2025, evidenciando a preocupação dos investidores com o futuro da empresa no mercado chinês.

O caso ilustra como questões ambientais, competição tecnológica e rivalidade geopolítica se entrelaçam na nova economia global, criando um cenário complexo onde empresas multinacionais precisam navegar entre diferentes regimes regulatórios e interesses nacionais divergentes.

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