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Empresas devem considerar o impacto ambiental e social (miodrag ignjatovic/Getty Images)
Jornalista
Publicado em 7 de junho de 2023 às 13h35.
O olhar das empresas deve ser guiado para além da linha do lucro: o impacto social também é importante. Foi o que disse Caroline Busatto, fundadora da Inside Lab, uma das participantes do painel que debateu o poder transformador dos negócios, dentro do especial Mês do ESG organizado por Exame.
Estevan Sartorelli, cofundador e co-CEO da Dengo Chocolates, Mauro Homem, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da Heineken, e Fernanda Ribeiro, cofundadora e CEO da Conta Black e presidente do Conselho Administrativo da Associação AfroBusiness, também participaram da conversa.
Para Busatto, o Brasil tem condições de liderar essa mudança de visão para o social: “Não só pela questão ambiental, mas também pela criatividade que temos aqui”.
Na Heineken a operação brasileira já é referência para as ações ESG globais, segundo Homem: “É importante a matriz definir uma grande política, mas o intraempreendedorismo também é. Você precisa buscar inovações para gerar o impacto na sociedade”, disse.
Como exemplo de medida criada na operação local e que foi exportada, ele citou a campanha Energia Verde: por meio de um site a companhia promoveu possibilidade de o cliente de uma distribuidora se cadastrar para receber, em sua casa, energia gerada por uma fonte limpa, sem custos – e em muitos casos com desconto na conta de luz.
“Nós dizemos que a composição da Heineken é água, malte e lúpulo. Agora dizemos que é água, malte e lúpulo e energia verde”, explicou.
No caso da Dengo a transformação está no propósito da empresa: criada em 2017 teve, sempre, entre um de seus objetivos o impacto social: gerar renda para os pequenos e médios produtores de cacau no Brasil. “Acreditamos que não existirá cacau sustentável se não existir renda sustentável”, disse Sartorelli. “A renda é chave para que condicionantes como mão-de-obra infantil, trabalho escravo e desmatamento não estejam presentes no conceito territorial”.
Assim a companhia verticalizou a cadeia do cacau, que no Brasil pode ser formada por até sete etapas, e conectou os produtores aos clientes. “No ano passado pagamos valores 92% acima do mercado aos nossos fornecedores”.
Também no DNA da Conta Black está o impacto social: o próprio produto tem essa vertente, segundo explicou Fernanda Ribeiro. “Ele promove a inclusão financeira de pessoas pretas e de baixa renda, com a consequente bancarização. A maioria não é bancarizada”, explicou.
Segundo a CEO, 51% dos empreendedores formais brasileiros são pretos e muitos não têm acesso qualificado ao crédito. “O crédito é negado quatro vezes mais aos pretos do que aos brancos, nas mesmas condições”, disse. A Conta Black facilita esse acesso ao crédito e, como consequência, gera um ciclo virtuoso ao redor daquele empreendedor, de acordo com Ribeiro.“Porque ele acaba transformando, também, toda a região ao fomentar o seu negócio”.