ESG

Como oceanos saudáveis geram valor para a economia e os negócios

O oceano gera cerca de US$ 2,5 trilhões em bens e serviços anualmente, o equivalente à geração da sétima maior economia do mundo. Estudo do BCG Consulting Group em parceria com o Fórum Econômico Mundial aponta como alavancar o tema em empresas e governos

Um oceano saudável é a base para uma economia próspera, de acordo com o estudo What Ocean Sustainability Means for Business, promovido pelo Boston Consulting Group em parceria com o Fórum Econômico Mundial (Mike Hill/Getty Images)

Um oceano saudável é a base para uma economia próspera, de acordo com o estudo What Ocean Sustainability Means for Business, promovido pelo Boston Consulting Group em parceria com o Fórum Econômico Mundial (Mike Hill/Getty Images)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 23 de dezembro de 2022 às 10h37.

Um oceano saudável é a base para uma economia próspera, de acordo com o estudo What Ocean Sustainability Means for Business, promovido pelo Boston Consulting Group em parceria com o Fórum Econômico Mundial. O oceano gera cerca de US$ 2,5 trilhões em bens e serviços anualmente, o equivalente à geração da sétima maior economia do mundo. Além disto, países do G20 representam 45% das costas do globo e, por isso, recuperar o valor dos mares e garantir sua sustentabilidade representa uma oportunidade.  

As principais indústrias que se beneficiam de operações nos oceanos são de pesca, turismo, comércio e transportes, energia e comunicação. “Cerca de 600 milhões de pessoas dependem, pelo menos parcialmente, da pesca e da aquicultura – cerca de 8% da população global – incluindo os trabalhadores de subsistência e do setor secundário e seus dependentes. Com relação ao turismo, estima-se que 80% de toda atividade de turismo global é viabilizada pelos oceanos. Grande parte do comércio global é viabilizado por transporte marítimo, e, além disso, o oceano é também uma fonte de energia, com potencial de contribuir de forma relevante para energias renováveis”, afirma Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG

De acordo com o executivo, o setor de comunicação também se beneficia. “98% das comunicações internacionais são viabilizadas por cabos submarinos. Por fim, o oceano é um contribuidor do mercado global de carbono – soluções climáticas baseadas no oceano podem reduzir as emissões em até 21% a fim de manter a trajetória de aquecimento inferior a 1.5°C até 2050”.

De acordo com a pesquisa do BCG, apesar da expectativa de que o ecossistema seja uma importante fonte de riqueza nos próximos anos, ele recebe apenas 0,01% dos investimentos para os objetivos globais de desenvolvimento sustentável. Com investimentos, seria possível alavancar ainda mais o potencial que os oceanos oferecem. “Antes das paradas causadas pela pandemia, esperava-se que a economia oceânica dobrasse de valor entre 2010 e 2030, atingindo um valor de US$ 3 trilhões. Para atingir tal valor, novos investimentos serão cruciais”, diz Ramos.

Para que mais investimentos aconteçam, é necessário compreender o valor que os oceanos têm hoje para empresas e governos. A começar pelo retorno gerado por bens e serviços provenientes dos mares, e no potencial de trilhões de dólares em retorno na próxima década.

“Empresas que se interessarem em financiar a “economia azul” podem se beneficiar do pioneirismo, aproveitando a chance de extrair o maior valor desse recurso valioso. Assim, garantem não somente um futuro sustentável para os negócios, mas para oceanos e sistemas marinhos que não podem ser substituídos”. O interesse dos consumidores por produtos sustentáveis também é um modo de acelerar a frente econômica.

SUSTENTABILIDADE 

Nos países do G20 - responsáveis por 80% das emissões de carbono e 75% do comércio mundial, é essencial uma atenção na inclusão dos mares como uma das prioridades na agenda de sustentabilidade.  “É essencial que, para o sucesso na jornada contra as mudanças climáticas, as empresas sejam ágeis na tomada de decisão para a conservação do ecossistema marinho. As que forem pioneiras têm a oportunidade única de se beneficiarem com um mercado multibilionário”, afirma Ramos.

No estudo, o BCG e o WEF apontam três pilares principais para que as empresas compreendam e iniciem a agir em prol da mitigação de impactos nos oceanos: 

  • Desenvolvimento de métodos que garantam o uso e a interação sustentável com o mar;
  • Alavancar o oceano como ferramenta de sequestro de carbono – capacidade de absorção de cerca de 90% do excesso de calor e 23% do total de emissões de CO2 geradas pelo homem;
  • Apoiar iniciativas de adaptabilidade e resiliência para os ecossistemas marinhos e adjacentes. 

Dentro dessas áreas principais, a pesquisa ainda identifica diversos imperativos estratégicos para promover a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, impulsionar os negócios, incluindo a colaboração com os governos locais para ampliar o escopo de conservação. 

BRASIL

“O Brasil possui uma das costas mais extensas dentre os países do globo, com aproximadamente 8.000 km de extensão. O país já é um contribuidor chave para o comércio global, sendo um dos principais exportadores de alimentos, o que já nos coloca em posição de destaque no que tange a economia oceânica como viabilizadora do transporte de longa distância. Mas o Brasil têm potencial para contribuir ainda mais para essa economia”, diz Ramos.

O executivo lembra da vantagem competitiva na produção de hidrogênio verde. “Temos vantagem para ser um produtor de Hidrogênio Verde em escala, e avançar no uso dos oceanos para produção de energias renováveis “offshore” – a exemplo de eólicas offshore – o que pode impulsionar ainda mais a produção de hidrogênio verde, gerando um ciclo virtuoso. Tal movimento é relevante dado que o Hidrogênio Verde é uma das principais alavancas para descarbonização de indústrias”.

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