Agenda sustentável: segundo informações da Bain & Company, os varejistas enfrentam desafios para que os compromissos de sustentabilidade se tornem ações (Amanda Perobelli/Reuters)
Em nova análise global, a Bain & Company afirma que a inflação alta tem ampliado os desafios dos varejistas para atender os quesitos em sustentabilidade dos consumidores, investidores e outras partes interessadas. Segundo a pesquisa, apenas um dos 27 maiores varejistas de alimentos e roupas nos Estados Unidos, Europa e Ásia-Pacífico tem abordagens para questões de sustentabilidade e ESG. O levantamento da Bain considerou seis temas prioritários da agenda ESG, dentre eles: emissões de gases de efeito estufa, desperdício e circularidade e abastecimento sustentável.
O aumento dos preços e, consequentemente, do custo de vida reforça a resistência dos consumidores em pagar mais. Portanto, a inflação expõe uma lacuna entre a opinião e a ação dos clientes quando o assunto é sustentabilidade. Por isso, uma das soluções para as varejistas está em aproveitar o interesse do consumidor em produtos mais sustentáveis. Já que, segundo dados da Bain, 70% dos clientes dizem que estão dispostos a pagar um prêmio por produtos com impacto ambiental positivo ou benefícios à saúde.
“A inflação está tornando as pessoas mais sensíveis ao preço, mas, ao mesmo tempo, também está incentivando os consumidores a revisitar hábitos de consumo profundamente arraigados. Isso oferece uma rara oportunidade para os varejistas interromperem o status quo e incentivarem modelos circulares, encorajando os consumidores a devolver produtos ou reutilizar embalagens para obter um desconto no futuro”, opina Luciana Batista, sócia da Bain & Company.
O aumento dos custos em meio a uma inflação também exagera as lacunas de financiamento para investir em sustentabilidade. O estudo da Bain afirma que, para os compromissos de sustentabilidade se tornarem ações, os varejistas enfrentam um desafio.
De acordo com a Bain, os varejistas que querem reivindicar sustentabilidade para a liderança devem aprofundar sua colaboração com seus fornecedores na cadeia de suprimentos para ajudar a distribuir os custos da descarbonização, testar novas ideias e compartilhar os benefícios dos resultados.
“Um ambiente de alto risco pode reduzir o investimento em sustentabilidade no curto prazo, mas há muito que os varejistas podem fazer para descarbonizar sem fazer investimentos financeiros significativos. Medidas de economia de energia e resíduos podem ajudar a reduzir custos e exposição a riscos no curto prazo, ao mesmo tempo que são desenvolvidos compromissos mais abrangentes”, acrescenta Batista.
A pesquisa mostra que as marcas de varejo não devem interromper os esforços sobre sustentabilidade durante o aperto inflacionário. Segundo o estudo, 40% dos consumidores americanos planejam gastar mais em marcas sustentáveis nos próximos três anos. Na Europa, os millennials já respondem por metade dos gastos no varejo com marcas sustentáveis. Pensando nisso, o setor de varejo deve desenvolver sua oferta sustentável para essa base de clientes para garantir a longevidade. Essa prática protegerá os negócios contra a volatilidade, pois marcas com credenciais sustentáveis são mais resilientes ao aperto regulatório da descarbonização, por exemplo.
“Este é um momento chave para a sustentabilidade nas cadeias produtivas do varejo. Os compromissos foram assumidos e os ganhos rápidos já alcançados. O setor agora precisa mostrar que pode continuar a oferecer melhorias em sustentabilidade quando o cenário econômico é mais desafiador. Quem ficar para trás vai perder o coração e o bolso dos clientes”, conclui Batista.