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Durante a Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (2005), a UNESCO destacou a complementariedade entre políticas culturais e de desenvolvimento socioeconômico (Nanah D. Luize/Divulgação)
Colunista
Publicado em 25 de junho de 2023 às 08h00.
O setor cultural da economia é composto por uma variedade de atividades, como teatro, música, cinema, artes visuais, entre outras. A importância delas não está apenas na contribuição para a formação das nossas identidades culturais individuais ou coletivas, mas também no fortalecimento do ambiente democrático, das políticas de redução da pobreza, do desenvolvimento de pequenas, médias e grandes empresas e da formação de recursos humanos para os setores privado e público.
Ou seja, as atividades culturais contribuem para o desenvolvimento econômico ao promover a geração de empregos diretos e indiretos, estimular o turismo cultural, impulsionar a indústria criativa, fortalecer a cadeia de fornecedores locais e aumentar a arrecadação de impostos, sejam estes efeitos sentidos em um país ou um bairro.
Embora muitas vezes negligenciada, a mensuração do impacto econômico permite quantificar esses efeitos multiplicadores e identificar quais iniciativas culturais são mais eficientes, especialmente no contexto em que são repassados recursos públicos para instituições privadas de cunho cultural.
Foi a partir desta inquietação que a Aliança Francesa realizou uma avaliação de impacto econômico do teatro que mantém no centro de São Paulo, o Centro Cultural Aliança Francesa, onde são realizadas ações de múltiplas expressões artísticas.
O estudo demonstrou com dados concretos que a sociedade paulistana recebe três vezes mais recursos do que aqueles investidos pela secretaria de cultura de São Paulo nos projetos da Aliança Francesa; isto é mais que o dobro da média nacional.
Com base nessas informações é possível criar estratégias para maximizar o impacto das iniciativas futuras da organização e prover os formuladores de políticas públicas e privadas de evidências científicas para tomar decisões mais informadas sobre financiamento, incentivos fiscais e programas de apoio ao setor.
Sim, há desafios a enfrentar: hoje não existe uma base pública de comparação do impacto de projetos distintos, as metodologias podem variar de estudo para estudo, os próprios resultados de um mesmo projeto podem variar com o tempo porque sofrem influência de forças externas e é preciso inovar na comunicação dos resultados obtidos.
Este é um campo a ser explorado e amadurecido, e as possibilidades são muitas. Responder às perguntas “o que isso gerou?” e “dá pra quantificar isso?” não são uma redução da potência da cultura, mas sim uma justificativa extra para investir mais recursos no setor cultural. Necessitamos pensar grande, fazer aos poucos e começar agora.