ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

América Latina bate recorde de eventos extremos e vive o flagelo das mudanças climáticas

El Niño e ações humanas aceleraram a ocorrência de desastres; em 2023, foram 67 episódios meteorológicos, hidrológicos e climáticos na região, com 77% ligados a tempestades e enchentes

Brasil: voluntário leva uma senhora, de 79 anos, por uma rua inundada no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre (AFP Photo)

Brasil: voluntário leva uma senhora, de 79 anos, por uma rua inundada no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre (AFP Photo)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 8 de maio de 2024 às 16h04.

Última atualização em 8 de maio de 2024 às 16h16.

O fenômeno El Niño e os efeitos do aquecimento global provocado pelas atividades humanas provocaram um recorde de desastres climáticos na América Latina e no Caribe em 2023, informou, nesta quarta-feira, 8, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU.

O ano passado foi o mais quente de que se tem registro na região, ressaltou o informe, que também adverte que a elevação do nível do mar e o recuo das geleiras prosseguiu, e que "uma grande mudança" na distribuição de chuvas causou secas e incêndios florestais, mas também inundações e deslizamentos.

"Infelizmente, 2023 foi um ano em que os perigos climáticos bateram recordes na América Latina e no Caribe", disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, em comunicado.

Saulo atribuiu o aumento destes eventos extremos à combinação das condições associadas ao El Niño com as consequências das mudanças climáticas induzidas pelos humanos.

A OMM descreveu o El Niño como um padrão climático natural associado ao aquecimento da superfície oceânica no Pacífico tropical, que geralmente ocorre a cada dois a sete anos e dura entre nove e 12 meses. Mas sublinhou que atualmente ocorre no contexto de um clima alterado pelas atividades humanas.

Tempestades, enchentes e calor

Em 2023, foram notificados 67 episódios de desastres meteorológicos, hidrológicos e climáticos na região. Destes, 77% estavam ligados a tempestades e enchentes, afirma o relatório da OMM, com base em dados do Centro de Pesquisa sobre Epidemiologia de Desastres (CRED).

Entre os desastres climáticos de 2023, a OMM destacou o furacão Otis, que devastou o balneário mexicano de Acapulco em outubro, deixando pelo menos 45 mortos e danos milionários.

Também mencionou a intensa seca que atingiu a região, que fez com que fosse registrado o nível mais baixo do Rio Negro na Amazônia em mais de 120 anos de medições, e que o tráfego de navios pelo Canal do Panamá estivesse "gravemente" interrompido desde agosto.

Além disso, destacou que a seca na Bacia do Prata afetou o norte da Argentina e o Sul do Brasil e atingiu especialmente o Uruguai, que viveu o verão mais seco em 42 anos e sofreu uma grave falta de água.

A tudo isto a OMM somou o flagelo das chuvas torrenciais que deixaram dezenas de mortos devido a deslizamentos de terras e enchentes, tanto no Sudeste do Brasil em fevereiro, como na Jamaica, no Haiti e na República Dominicana, em novembro.

2023, o ano mais quente

Em 2023, a temperatura média foi a mais alta registrada até agora na América Latina e no Caribe: ficou 0,82 °C acima da média do período 1991-2020 e 1,39 °C acima do valor de referência para o período 1961-1990, indicou a OMM. 

No México, país da região que registrou o ritmo de aquecimento mais rápido, o verão do Hemisfério Norte foi excepcionalmente quente, com uma máxima de 51,4 ºC em agosto.

Enquanto isso, a região central da América do Sul sofreu um calor escaldante de agosto a dezembro, observou o relatório. Em algumas áreas do Brasil o termômetro marcou 41 ºC em agosto, em pleno inverno (Hemisfério Sul).

Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Peru registraram suas temperaturas mais altas no mês de setembro e houve grandes incêndios florestais em vários locais.

A OMM alertou também que o aumento do nível do mar está acelerando. O ritmo de aumento do nível médio do mar no Atlântico Sul e nas zonas subtropical e tropical do Atlântico Norte excede a média mundial, disse. Segundo o relatório, no Chile, a geleira Echaurren Norte, de referência para o Serviço Mundial de Vigilância de Geleiras (WGMS), perdeu cerca de 31 metros do equivalente em água entre 1975 e 2023.

A OMM também considerou "insuficientes" os serviços meteorológicos e climáticos prestados na América Latina e no CaribeNo entanto, destacou os "progressos para aumentar a resiliência do setor da saúde à mudança climática" e observou que em 12 dos 35 países americanos estão sendo desenvolvidos planos nacionais de adaptação para a saúde.

Acompanhe tudo sobre:Mudanças climáticasChuvasCalorEnchentesAmérica LatinaClimaONU

Mais de ESG

Proteína de algas marinhas pode potencializar antibióticos e reduzir dose em 95%, aponta estudo

Como distritos de Mariana foram reconstruídos para serem autossustentáveis

'Rodovia elétrica' entre Etiópia e Quênia reduz apagões e impulsiona energia renovável na África

Ascensão de pessoas com deficiência na carreira ainda é desafio, diz estudo