ESG

Apoio:

Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
ONU_500X313 CBA
ONU_500X313 Afya
ONU_500X313 Pepsico
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Com novo mecanismo de financiamento, Natura quer estimular a bioeconomia e evitar os atravessadores

Projeto Amazônia Viva, desenvolvido pela Natura, em parceria com a VERT Securitizadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), une capital privado e filantrópico e busca garantir previsibilidade aos produtores de insumos da biodiversidade na Amazônia

Abaetetuba, no Pará, onde a Natura trabalha a sociobiodiversidade (Leandro Fonseca/Exame)

Abaetetuba, no Pará, onde a Natura trabalha a sociobiodiversidade (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 30 de janeiro de 2024 às 06h05.

A fabricante de cosméticos Natura anunciou nesta segunda-feira o inicio da operação do Mecanismo de Financiamento “Amazônia Viva”, projeto de financiamento híbrido desenvolvido pela companhia, em parceria com a VERT Securitizadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).

A iniciativa começa com dez cooperativas e associações agroextrativistas na Amazônia, impactando os meios de vida de mais de 1.800 famílias na região. A fase piloto da iniciativa conta com o aporte inicial de R$ 6 milhões da Natura, além de investimentos da Good Energies Foundation e do Fundo Vale, que totalizam R$ 12 milhões, sendo metade por meio de certificado de recebíveis do agronegócio (CRA) e a outra, através de um fundo de recursos não-reembolsáveis (filantrópico).

"Na Natura já tinhamos uma prática de adiantamento financeiro de até 30% para que os produtores comprassem insumos para a safra, mas havia uma limitação. A intenção do mecanismo é que agora eles consigam financiamentos melhores, com mais capital de giro e segurança na safra", diz Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura &Co América Latina.

Na prática, o empréstimo tem uma taxa de juros de 8% ao ano, que garante o retorno ao investidor. Ao mesmo tempo, no lado não reembolsável, o montante será usado para para iniciativas estruturantes, como educação financeira, capacitação e compra de maquinário.

Para o produtor, a vantagem do mecanismo é poder conseguir o financiamento, sabendo que o insumo produzido será comprado pela Natura com um preço justo. Atualmente, é comum que produtores da Amazônia vendam os itens para atravessadores que pagam menos devido à urgência financeira. Já para o investidor, a vantagem é o retorno com a garantia que de o projeto é de fato sustentável, sem prática de greenwashing e com o conhecimento da Natura que há 20 anos trabalha na região.

"Ficamos cerca de dez meses desenvolvendo o projeto com os parceiros e explicando que era preciso levar a linguagem do mercado financeiro de forma clara para as cooperativas e associações. Percebemos, por exemplo, que poderíamos falar de crédito, mas não de dívida, sempre explicando com clareza quais as vantagens e desavantagens da adoção do mecanismo", afirma Pinhati.

Para ela, uma desvatagem pode ocorrer quando a cooperativa ou associação toma mais crédito do que consegue trabalhar. "Um dos obstáculos para a sociobieconomia é superar as barreiras de acesso ao crédito. Neste caso, isto acontece porque o time da Natura acompanha cada passo da jornada, especialmente porque estamos envolvendo a produção de insumos extremamente importantes para o nosso negócio", diz.

Assim, é preciso garantir o sucesso financeiro do produtor uma vez que ele vende para a companhia itens de uma cadeia complexa. "Tem comunidade que escoa, por exemplo, um óleo até Manaus durante são sete dias de barco, ou 25 dias no total até São Paulo".

Para a executiva, os sistemas de financiamento são ferramentas fundamentais para fortalecer os negócios e cadeias da sociobiodiversidade amazônica ao facilitar o acesso de cooperativas e associações agroextrativistas e seus associados ao mercado global de ativos florestais, estimado em 175 bilhões de dólares, o que gera mais renda e prosperidade para as populações locais.

“Um dos nossos maiores desafios atuais é escalar e ampliar a agregação de valor para essas inúmeras e pequenas cadeias, que estão baseadas na diversidade socioambiental, características diferenciais destas cadeias amazônicas”. Para expandir esse modelo, de acordo com a executiva, é necessário fortalecer todo o ecossistema envolvido. 

"O mecanismo de blended finance é um modelo inovador para fortalecer organizações, negócios e cadeias da sociobiodiversidade amazônica porque promove um modelo de desenvolvimento na Amazônia que alia conservação, geração de renda e valorização do conhecimento tradicional das populações locais, os verdadeiros guardiões da floresta em pé”, acrescenta. 

Estima-se que na próxima década o mecanismo Amazônia Viva impulsione o desenvolvimento econômico e sustentável em 16 territórios, aumente a produção de mais de 40 cooperativas e associações agroextrativistas e beneficie mais de 10 mil famílias na região.

Com mais recursos disponíveis, o objetivo é aumentar o faturamento dessas entidades e melhorar a renda das pessoas envolvidas, contribuindo também para a conservação e regeneração de 3 milhões de hectares de floresta, meta que integra a Visão 2030 de Natura &Co América Latina.

Como o mecanismo funciona e a aplicação dos recursos

O mecanismo opera por meio de dois instrumentos principais, ambos sob um mesmo processo de governança. O primeiro é um certificado de recebíveis do agronegócio (CRA), gerido pela VERT, que fornece financiamento antecipado às cooperativas e associações agroextrativistas da Amazônia. Esse recurso pode ser utilizado, sobretudo, como capital de giro para safras anuais, tornando as operações mais eficientes e aumentando a produtividade.

O instrumento se torna sustentável à medida que os retornos do fundo são reinvestidos nos anos seguintes. A Natura, que atua como investidora principal do projeto e off-taker, terá o papel de mitigar riscos para outros investidores.

Já o segundo instrumento é o Enabling Conditions Facility (ECF ou Fundo Facilitador), um fundo de recursos não-reembolsáveis (filantrópico) gerido pelo FUNBIO. O ECF investirá em iniciativas que ofereçam assistência técnico para fortalecer aspectos operacionais e institucionais das cadeias da sociobiodiversidade e promoverá programas socioambientais para resolver desafios estruturais nos territórios, fortalecendo especialmente jovens e mulheres. O FUNBIO será responsável pelas diretrizes do ECF bem como coordenação e acompanhamento dos projetos apoiados.

Os primeiros desembolsos de CRA da primeira fase do Amazônia Viva foram direcionados a 10 cooperativas e associações fornecedoras de insumos da sociobiodiversidade para Natura. Simultaneamente, os primeiros investimentos do ECF estão sendo usados para fortalecer a gestão financeira das associações e cooperativas que tomaram o crédito.

Para finalizar, a executiva garante que novos investidores já estão interessados no mecanismo, podendo envolver atores internacionais.

Acompanhe tudo sobre:NaturaAmazôniaEconomia verde

Mais de ESG

Setores da saúde e moda ganham diretrizes para unir justiça climática na estratégia empresarial

Capital da Índia fecha todas as escolas primárias devido à poluição; entenda

Como a integração de setores energéticos pode transformar a resiliência e a sustentabilidade?

Cientistas brasileiros concorrem a prêmio de US$ 5 milhões sobre tecnologia e biodiversidade