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Chuvas das Terras Indígenas da Amazônia abastecem 80% do agronegócio brasileiro, diz estudo

Umidade dos locais é transportada da atmosfera para 18 outros Estados do país, formando a chuva até mesmo em outros biomas, como a Mata Atlântica e o Pantanal

A partir da manutenção das florestas, lucro do agronegócio da Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica chega a R$ 338 bilhões (Leandro Fonseca/Exame)

A partir da manutenção das florestas, lucro do agronegócio da Amazônia, Pantanal e Mata Atlântica chega a R$ 338 bilhões (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 16h35.

Última atualização em 3 de dezembro de 2024 às 16h58.

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Além de promover a proteção do meio ambiente, as Terras Indígenas (TIs) podem ser também peça-chave na manutenção de setores essenciais para a economia brasileira. Um estudo feito pelo centro de pesquisas Instituto Serrapilheira mostra que as chuvas nas TIs da Amazônia têm um impacto nas chuvas que abastecem 80% das atividades da agropecuária brasileira.

Cerca de 57% o lucro gerado a partir do agronegócio recebe influência das chuvas no bioma, o equivalente a R$ 338 bilhões. Com a degradação das áreas, esse valor seria perdido ou reduzido.

A pesquisa explica que a Amazônia é responsável pela irrigação nas localidades a partir da sua umidade, transportada da atmosfera para outros Estados do país, onde se transforma em chuva. Além da influência no próprio bioma, o impacto das chuvas também chega no Pantanal e Mata Atlântica, outros biomas estratégicos para a economia brasileira.

Conforme o estudo, 18 Estados brasileiros e o Distrito Federal estão sob a área de influência das Terras Indígenas amazônicas. Até 30% da chuva das áreas de agropecuária nacional está relacionada com a reciclagem de água nesses territórios.

As chuvas nos territórios também se mostraram essenciais na segurança alimentar nacional: a agricultura familiar, principal responsável pelo abastecimento do mercado interno, tem 50% da sua produção de Estados sob influência das chuvas das áreas protegidas na Amazônia.

Caio Mattos, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina e autor do estudo, conta que a agricultura e a pecuária são as áreas que mais consomem água no país, chegando a 50% do consumo nacional, de acordo com a Agência Nacional de Águas. “O desmatamento e a degradação das florestas nas Terras Indígenas causam a redução das chuvas e, com isso, acarretam riscos graves à economia do país”, explica.

O estudo aponta que os Estados de Rondônia e Mato Grosso -- que figuram entre os locais com maior influência dessas chuvas -- são também os que mais desmataram florestas desde 1985, início da série histórica.

Terras Indígenas

Cerca de 23% da Amazônia Legal está protegida nas Terras Indígenas, que somam mais de 450 territórios e são lar para 403,6 mil pessoas.

Essas populações têm um trabalho essencial na proteção do bioma contra o desmatamento: apenas 3% da destruição da Amazônia entre 2019 e 2023 aconteceu nas TIs, o que corresponde a 130 mil hectares do total de 4,4 milhões.

Nesses locais, a economia é aliada e baseada na natureza, incluindo formas de uso e manejo dos ecossistemas que não acarretem a remoção da vegetação.

A pesquisa foi formulada a partir de dados do MapBiomas, IBGE e Funai e conta com pesquisadores da UFSC, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Utrecht (Holanda), Universidade de Uppsala (Suécia), Cary Institute of Ecosystem Studies (EUA), Museu Nacional de História Natural (França) e Universidade de Birmingham (Reino Unido).

Acompanhe tudo sobre:IndígenasAmazôniaChuvasAgronegócioAgropecuáriaDesmatamento

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