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China domina a produção de energia sustentável e produz mais que o dobro do planeta. (Feng Li/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 11 de julho de 2024 às 09h54.
A expansão impressionante da China na construção de projetos de energia eólica e solar mostra um compromisso firme com a transição para fontes de energia mais limpas. No entanto, para cumprir suas metas ambiciosas de redução de emissões de carbono e manter a liderança global em energia renovável, a China terá que continuar investindo em tecnologias de armazenamento e flexibilidade da rede, além de reduzir gradualmente sua dependência do carvão.
A quantidade de energia eólica e solar em construção na China é quase o dobro do resto do mundo combinado, de acordo com um relatório da Global Energy Monitor (GEM), uma ONG que monitora projetos de energia. A pesquisa, publicada na quinta-feira (11), revelou que a China possui 180 gigawatts (GW) de energia solar em escala de utilidade em construção e 159 GW de energia eólica, totalizando 339 GW de energia eólica e solar em construção. Em comparação, os Estados Unidos têm apenas 40 GW de tais projetos em andamento.
De acordo com o The Guardian, os pesquisadores analisaram apenas fazendas solares com capacidade de 20MW ou mais, que alimentam diretamente a rede. Isso significa que o volume total de energia solar na China pode ser muito maior, pois pequenas fazendas solares representam cerca de 40% da capacidade solar do país.
Os resultados destacam a posição de liderança da China na produção global de energia renovável, em um momento em que os Estados Unidos estão cada vez mais preocupados com a capacidade excessiva chinesa e o dumping, especialmente na indústria solar.
Nos últimos anos, a China experimentou um boom em energias renováveis, incentivado por forte apoio governamental. O presidente chinês, Xi Jinping, enfatizou a necessidade de "novas forças produtivas de qualidade", um slogan que sinaliza o desejo de direcionar a economia chinesa para a tecnologia e inovação. Entre março de 2023 e março de 2024, a China instalou mais energia solar do que nos três anos anteriores combinados, e mais do que o resto do mundo combinado para 2023, segundo os analistas do GEM. A China está a caminho de alcançar 1.200GW de capacidade instalada de energia eólica e solar até o final de 2024, seis anos antes da meta do governo.
Tensões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia e cortes de energia significativos em partes da China nos últimos anos, aumentaram as preocupações dos oficiais chineses sobre a segurança energética. A rede elétrica da China ainda depende fortemente do carvão, visto como necessário para mitigar a intermitência da energia renovável. O setor de energia limpa, no entanto, já é o maior motor de crescimento econômico da China, representando 40% da expansão do PIB em 2023.
Analistas afirmam que melhor armazenamento e flexibilidade da rede são necessários para usar eficientemente o volume crescente de energia limpa gerada nas fazendas eólicas e solares da China. O governo chinês está ciente desse desafio, nomeando baterias de íon de lítio como uma das "três novas" tecnologias importantes para criar um crescimento de alta qualidade, junto com veículos elétricos e painéis solares. No ano passado, foram investidos $11 bilhões em baterias conectadas à rede, um aumento de 364% em relação a 2022.
O relatório do GEM também destacou a liderança da China na construção de infraestrutura de energia renovável planejada. Os 339GW de energia eólica e solar que atingiram a fase de construção representam um terço dos projetos propostos, superando em muito a taxa global de construção de 7%.