Maior usina eólica da América do Sul, a Lagoa dos ventos se estende por uma área de 120 km. Seus 230 geradores geram energia para 1,6 milhão de casas (Enel/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 11 de junho de 2021 às 11h13.
Última atualização em 11 de junho de 2021 às 11h50.
O setor de energias renováveis teve um dia agitado nessa quinta-feira, 10. No Brasil, a Enel, empresa de energia, inaugurou a maior usina eólica da América do Sul, o maior projeto da companhia italiana no mundo. Com 716 MW de capacidade instalada, a usina Lago dos Ventos se estende por uma área de 120 km, onde se encontram 230 geradores.
No Chile, outro grande projeto de energia limpa entrou em operação. Trata-se da primeira usina termossolar da América Latina, uma tecnologia que combina um sistema de geração fotovoltaica tradicional com o inovador sistema solar térmico. Uma torre de 250 metros localizada no centro de uma fazenda de painéis solares é responsável por captar a radiação solar que aquece um receptor, a 560 graus Celsius, responsável por transferir calor para uma turbina a vapor que gera eletricidade.
“É uma usina que está na fronteira do conhecimento e da tecnologia”, afirmou o presidente do Chile, Sebastián Piñera. “Não há uma tecnologia melhor que esta”.
A usina aproveita as condições do deserto do Atacama, o de maior radiação solar do mundo. Juntamente com a torre de calor, que é a segunda construção mais alta do país, quase 400 mil painéis solares geram uma capacidade instalada de 210 MW.
Para o presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, as energias renováveis são a resposta para a atual crise energética gerada pela falta de chuvas. Com mais de 60% da matriz elétrica composta por usinas hidrelétricas, o país sofre toda vez que o nível dos reservatórios baixa.
“Nenhum outro país no mundo tem a disponibilidade de sol e vento que o Brasil tem”, afirma Cotugno. “Não precisamos de gasoduto, nem comprar combustíveis de outros países, se temos sol e vento abundantes.”
O projeto Lagoa dos Ventos consumiu investimentos da ordem de 3 bilhões de reais. Foram dois anos de construção. Seus mais de 700 MW de capacidade são suficientes para gerar 3,3 TW de energia por ano, o suficiente para abastecer 1,6 milhão de residências, além de evitar a emissão de 1,9 milhão de toneladas de carbono na atmosfera.
“O futuro não é fóssil”, afirma Cotugno. “Seria um erro conectar a crise hídrica atual com o direcionamento da política energética do país. Há um caminho traçado e é pelas renováveis.”