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Savanização: perdas no Cerrado em 2023 foram cerca de 2,4 vezes a destruição registrada na Amazônia (Germano Lüders/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 28 de maio de 2024 às 11h29.
O desmatamento no Cerrado brasileiro avançou fortemente em 2023 e superou pela primeira vez a devastação na Amazônia, tornando-se o bioma mais afetado do país, segundo o relatório anual da Rede MapBiomas divulgado nesta terça-feira (28).
No Cerrado, uma extensa savana com enorme biodiversidade ao sul da Amazônia, mais de 1,11 milhão de hectares foram destruídos em 2023, 68% a mais que no ano anterior, indicou a MapBiomas, um consórcio climático de ONGs, universidades brasileiras e empresas de tecnologia, que monitora e consolida dados das áreas afetadas.
Essas perdas representaram quase dois terços do desmatamento sofrido por todo o Brasil e cerca de 2,4 vezes a destruição registrada na Amazônia, segundo o relatório.
A superfície amazônica devastada no ano passado totalizou 454,3 mil hectares, uma queda de 62,2% em relação aos números de 2022.
Esta é a primeira vez que o desmatamento no Cerrado, que se estende por 11 estados do Centro-Oeste ao Nordeste, supera o da Amazônia desde que os registros do MapBiomas Alerta começaram em 2019. "A cara do desmatamento está mudando no Brasil, se concentrando nos biomas onde predominam formações savânicas e campestres e reduzindo nas formações florestais", destaca Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.
Além disso, no ano de 2023, "mais de 93% da área desmatada no Brasil teve pelo menos um indício de irregularidade", estimou com os dados também processados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
De um ponto de vista mais amplo, o desmatamento no Brasil foi reduzido em 2023 pela primeira vez em quatro anos, com uma queda de 11,6% em relação ao ano anterior.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a priorizar o cuidado com o meio ambiente, revertendo as políticas de seu antecessor Jair Bolsonaro (2019-2022), e a eliminar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.
A perda de vegetação nativa continua sendo uma preocupação, especialmente devido às consequências cada vez mais evidentes, como as enchentes devastadoras no estado do Rio Grande do Sul, que deixaram pelo menos 170 mortos e cerca de 600 mil deslocados.