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Vítimas: trabalhadores rurais estão entre os que estão expostos ao calor excessivo (Getty Images)
Jornalista
Publicado em 26 de julho de 2024 às 13h05.
Os recordes sucessivos de alta da temperatura no planeta têm chamado a atenção para as condições de trabalho dos profissionais que executam suas funções expostos a condições prejudiciais à saúde.
Preocupados com o problema, Brasil e Estados Unidos, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio da Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores (PWR), lançaram uma campanha global para promover a proteção de trabalhadores do estresse excessivo pelo calor.
A campanha PWE, liderada pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil (MTE), Departamento do Trabalho dos EUA (USDOL) e OIT, mira a construção de parcerias, promoção do diálogo social, condução de pesquisas, conscientização e aprimoramento da cooperação internacional para proteger os trabalhadores do impacto do aumento das temperaturas em todo o mundo.
“O estresse por causado pelo calor está cobrando um preço alto e perigoso de bilhões de trabalhadores em todo o mundo. O diálogo social é essencial para o nosso trabalho nessa área. Somente unindo-se, as organizações de trabalhadores e as organizações de empregadores podem oferecer soluções práticas e viáveis para manter os trabalhadores seguros", disse Celeste Drake, diretora-geral adjunta da OIT, por meio de nota.
O lançamento da campanha aconteceu ao final da última reunião técnica do Grupo de Trabalho de Emprego (EWG) do G20 e foi o fechamento da Reunião Anual da Rede de Segurança e Saúde Ocupacional (OSH). No encontro, especialistas em OSH discutiram estratégias para minimizar os efeitos do calor extremo na saúde dos trabalhadores. Sob a presidência do G20 no Brasil, um dos principais objetivos do EWG do G20 é buscar a garantia de uma transição justa no contexto das transformações digitais e energéticas.
Segundo dados recém-divulgados pela OIT, mais de 2,4 bilhões de trabalhadores de uma força de trabalho global de 3,4 bilhões provavelmente vão passar pela experiência de sofrer com o calor excessivo durante sua atividade. Essa proporção aumentou de 65,5% para 70,9% desde 2000.
A OIT estima que o calor excessivo contribui para 22,87 milhões de acidentes de trabalho anualmente, resultando em 18.970 mortes e 2,09 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade perdidos.
Ainda segundo o organismo internacional, o estresse térmico tem ligação com a saúde das pessoas. Segundo o estudo da OIT, "é um assassino invisível e silencioso que pode causar rapidamente doenças, insolação ou até morte. Com o tempo, também pode causar graves problemas cardíacos, pulmonares e renais nos trabalhadores", observa.
Os trabalhadores na África, nos Estados Árabes e na Ásia e no Pacífico estão mais frequentemente expostos ao calor excessivo. Nestas regiões, 92,9%, 83,6% e 74,7% da força de trabalho são afetadas, respectivamente. Segundo o relatório, os números estão acima da média global de 71%, de acordo com os números mais recentes disponíveis, de 2020.
Apesar das condições dessas regiões, as situações de trabalho mudam mais rapidamente na Europa e na Ásia Central. De 2000 a 2020, a região registrou o maior aumento na exposição excessiva ao calor, com a proporção de trabalhadores afetados a aumentar 17,3%, quase o dobro do aumento médio global.
Secretário-Geral da ONU, António Guterres, chamou a atenção para o fato de o impacto global do calor nos trabalhadores estar se tornando uma questão global e que requer ação. Se há uma coisa que une o nosso mundo dividido é que todos sentimos cada vez mais o calor. A Terra está a se tornar mais quente e mais perigosa para todos, em todo o lado. Devemos enfrentar o desafio do aumento das temperaturas – e reforçar a protecção dos trabalhadores, com base nos direitos humanos”, disse