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Segundo pesquisa da Febraban com 1.500 pessoas, 90% dos entrevistados consideram preocupante a situação na Amazônia, com o aumento recente do desmatamento (Ueslei Marcelino/Reuters)
Rodrigo Caetano
Publicado em 27 de agosto de 2020 às 15h50.
Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 17h12.
Uma pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aponta que o brasileiro é um defensor da preservação do meio ambiente. O trabalho entrevistou 1.500 pessoas, entre os dias 11 e 19 de agosto. Para 90% dos entrevistados, a situação na Amazônia, com o aumento recente do desmatamento, é preocupante.
Mais da metade (55%) considera o cenário atual muito preocupante e 60% apontam a Floresta Amazônica como o ecossistema mais ameaçado do país. Esse percentual é especialmente relevante considerando que 94% dos entrevistados consideram que a preservação da Amazônia é essencial para a identidade nacional.
As lideranças indígenas são encaradas positivamente, com 73% de aprovação, o maior índice entre os grupos e entidades que melhor defendem a floresta. Em seguida, aparecem os militares, com 69%. Mais de dois terços dos entrevistados são contra a redução das reservas índigenas na região.
Já o governo e os madeireiros aparecem empatados como os maiores responsáveis pela alta no desmatamento. Fazendeiros e garimpeiros também são apontados como culpados pela destruição da floresta. A perda da diversidade é considerada a consequência mais grave do desmatamento. Também foram destacadas as mudanças climáticas e do regime de chuvas no Brasil.
No último mês, os principais bancos brasileiros lançaram uma série de iniciativas de proteção à floresta. Ontem, Bradesco, Itaú e Santander anunciaram a criação de um conselho que vai ajudar a desenvolver a região, ação que está ligada à divulgação, no mês passado, de um documento com dez medidas para desenvolver a Amazônia, que foi entregue ao governo federal.
A ideia é que os biólogos e cientistas que fazem parte do conselho trabalhem no detalhamento das medidas e no estabelecimento das metas. O grupo também será responsável por acompanhar os desdobramentos dos planos e por criar métricas e objetivos alinhados aos desafios locais. As ações — que estão previstas para começar ainda neste ano — serão coordenadas com o governo e implementadas em parceria com as iniciativas públicas.
As grandes companhias também estão se mobilizando para defender a floresta. Em um evento online, realizado há dez dias, mais de 30 empresas com atuação no Brasil lançaram um manifesto em defesa da Amazônia e pela proteção da biodiversidade nacional. Assinam o documento Suzano, Natura, BRK Ambiental, Eletrobras, Danone, Carrefour, Anglo American, entre outras.
O objetivo é conclamar o setor empresarial a aderir ao movimento, organizado pela Business for Nature, coalizão que reúne diversas organizações não governamentais pelo mundo, como The Nature Conservancy (TNC), Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), WWF e a Câmara de Comércio Internacional (ICC Brazil).
“Queremos chamar a atenção para uma agenda fundamental para o desenvolvimento do país”, afirma Walter Schalka, CEO da Suzano. “É com a pressão da sociedade que o governo e as demais empresas irão se sensibilizar com a pauta ambiental.”
Suzano, Natura e BRK Ambiental são empresas que têm a ganhar com a chamada “retomada verde”, que é a inclusão de metas ambientais nos esforços de retomada econômica pós-covid. Segundo um estudo publicado com exclusividade pela EXAME, o Brasil pode adicionar 2,8 trilhões de reais ao PIB, na próxima década, se adotar uma série de princípios alinhados com esse conceito.