ESG

Brasileiras Moss e Mercado Bitcoin criarão 1º 'bitcoin verde' do mundo

Bolsa de criptomoedas será a primeira a compensar suas emissões. Parceria permite a comercialização de tokens de carbono via plataforma Ethereum

 (Benoit Tessier/Reuters)

(Benoit Tessier/Reuters)

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Rodrigo Caetano

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 08h02.

Última atualização em 12 de janeiro de 2021 às 11h24.

A plataforma de negociação de créditos de carbono Moss e o Mercado Bitcoin anunciaram uma parceria que vai viabilizar a criação do primeiro "bitcoin verde" do mundo. O acordo envolve a compensação das emissões da corretora de criptoativos, desde a sua fundação, e a comercialização dos tokens da Moss, chamados MCO2, através da rede Ethereum.

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Segundo Luis Felipe Adaime, fundador da Moss, os criptoativos, de forma geral, e o bitcoin, em particular, são fontes relevantes de emissão de CO2. “O processo de mineração e armazenamento gasta muita energia”, diz.

A ideia do "bitcoin verde" é agregar ao criptoativo um MCO2, que equivale à compensação de uma unidade da moeda digital. Dessa forma, o valor do bitcoin verde será igual ao valor corrente do ativo digital, atualmente na casa dos 34 mil dólares, mais 18 dólares do MCO2. “O custo para compensar as emissões da bitcoin é quase irrisório”, afirma o empreendedor.

Usar a tecnologia dos criptoativos é, para a Moss, a melhor forma de promover o mercado de carbono. Na prática, os créditos de carbono já são contratos digitais, diz Adaime. “Com o blockchain [tecnologia que viabiliza as criptomoedas], se elimina qualquer risco de fraude, como a venda de créditos de carbono expirados ou referentes a projetos diferentes do divulgado”, afirma.

Um crédito de carbono comercializado em uma plataforma cripto, como a Ethereum, no entanto, não configura uma moeda digital. Trata-se de um ativo digital, semelhante a um ETF negociado nas bolsas de valores. Além da confiabilidade, esse modelo traz outra vantagem, que é a possibilidade de criar “unidades” de créditos de carbono, semelhante ao que acontecia com as antigas units negociadas no mercado financeiro.

Isso viabiliza, por exemplo, que uma empresa compense as emissões de um único produto. Adaime usa o exemplo de uma rede de cafeterias que está em contato com a Moss para um projeto de neutralização. Em vez de investir em uma grande iniciativa que envolva todas as emissões da companhia, ela pode investir em tokens e fazer a compensação gradualmente. “A empresa vai lançar um café orgânico. Por meio da nossa plataforma, ela consegue neutralizar apenas esse produto e oferecer um valor adicional ao cliente”, explica Adaime.

Blockchain e ESG

A tecnologia por trás das criptomoedas está viabilizando outros projetos de valor socioambiental. Startups de economia circular têm desenvolvido soluções baseadas em blockchain para organizar a cadeia de reciclagem de grandes empresas.

São os casos das startups GreenMining e BR Polen. As duas empresas se apoiam na tecnologia para combater a informalidade dentro dos processos de reciclagem, regularizar postos de trabalho em cooperativas e trazer maior rastreabilidade e transparência na gestão de resíduos, facilitando a maneira como grandes empresas conduzem seus processos de reciclagem.

Criada em 2017, a BR Polen atua como uma espécie de “Mercado Livre dos resíduos”, formalizando os processos de compra e venda por meio de uma plataforma digital. A associação com o blockchain partiu de uma dor da indústria e de uma demanda recente, segundo Renato Paquet, presidente da BR Polen. “As empresas e pessoas passaram a perceber a montanha de resíduos que produziam, e isso tem acelerado nosso crescimento exponencialmente”, diz.

Já a Greenmining busca garantir que as origens dos materiais coletados para reciclagem sejam locais de consumo, como bares, restaurantes e hotéis. A coleta fica por responsabilidade de equipes formalmente contratadas pela startup, com intuito de reduzir a informalidade dos coletores e oferecer salários até 8% acima do mínimo para o setor, segundo a empresa.

Com o blockchain, todas as etapas do processo também são rastreadas. “A transparência é importante. Conseguimos mostrar todos os que estiveram envolvidos na cadeia, desde o coletor até o transportador”, diz Rodrigo Oliveira, presidente da startup. “Essa é a ideia. Trazer a melhor logística reversa, ao mesmo tempo que existe um compliance trabalhista”. Mesmo com o fechamento de comércios, a startup buscou manter as atividades em 2020 e, para isso, fez novas associações com condomínios e encerrou o ano com faturamento superior a 2 milhões de reais.

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