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Painel do evento promovido pela EXAME debateu os avanços após a aprovação do Marco Legal do Hidrogênio no Brasil (Eduardo Frazão)
Repórter de ESG
Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 18h32.
Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 20h24.
Com abundância em energia renovável, o Brasil pode ser líder no mercado de hidrogênio verde. Produzido a partir da eletrólise da água utilizando fontes limpas como a solar e eólica e sem gerar emissão, seu uso é uma alternativa sustentável para a descarbonização de várias indústrias de base e em setores-chave como o transporte e o energético.
A aprovação do Marco Legal do Hidrogênio Verde no Brasil estabeleceu diretrizes para a produção, distribuição e uso do combustível de baixo carbono, pensando em aproveitar todo potencial do país e alavancar investimentos. Atualmente, são mais de 2 mil iniciativas de hidrogênio verde no mundo, sendo que mais de 80 delas são brasileiras.
Mas há desafios, destacam os especialistas reunidos no EXAME Renováveis desta quarta-feira (29): Camila Ramos, conselheira na Absolar e CEO da Cela Clean Energy Latin America, Luis Viga, presidente do conselho da ABIHV e country manager da Fortescue no Brasil e Carla Primavera, superintendente de transição energética e clima no BNDES. Entre os gargalos, estão questões como competitividade, viabilidade econômica e falta de incentivos e demanda.
O evento levantku discussões com a energia em foco, em um ano marcado pela realização da COP30 pela primeira vez em território nacional, em Belém do Pará.
No painel, a questão central permeou nos reflexos do Marco Legal aprovado em 2024 pelo presidente Lula e foi unanimidade que a regulamentação deu mais segurança jurídica, diminuiu os riscos do mercado ao estabelecer regras e impulsionou o desenvolvimento de projetos e pesquisa.Além disso, é um mecanismo essencial para aumentar a competividade, em um contexto que o hidrogênio verde ainda precisa ganhar escala e ter uma redução de custo para decolar.
Camila Ramos, conselheira na Absolar e CEO da Cela Clean Energy Latin America, destacou o potencial brasileiro e a abundância em recursos naturais que nos permite ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. "Temos muito sol e vento e achamos isso natural, quando na verdade é muito excepcional. Nossa energia é limpa, abundante e barata e representa cerca de 60% do custo de uma planta de hidrogênio", disse.
A executiva, à frente da consultoria especializada em renováveis e atuando no desenvolvimento de projetos solares e transição energética no Brasil e América Latina, reiterou que há possibilidades gigantescas no Brasil tanto para a produção e exportação, quanto para a fabricação de aço, fertilizantes verdes e combustíveis sustentáveis de aviação (SAFs).
Em sua empresa, já são 18 projetos em curso com o uso do combustível e ela acredita que explorar a energia offshore (aquelas em alto-mar) é um caminho promissor para alavancar este mercado.
Luis Viga, presidente do conselho da ABIHV e country manager da Fortescue no Brasil, concordou que a regulamentação da legislação é um avanço. Agora, o trabalho na COP30 é mostrar alinhamento. "Não podemos ter disputas políticas, precisamos pensar no que é bom e beneficia a todos os setores", disse.
Para a tecnologia ganhar escala, Luis acredita que é preciso se inspirar em vários exemplos pelo mundo, mas sem esquecer que cada país tem sua realidade econômica e disponibilidade de recursos. "Nossa vantagem comparativa nos permite produzir hidrogênio verde a um custo menor e atrair investimentos. A situação é parecida com o que aconteceu com a eólica no passado", lembrou.
Na Fortescue, o executivo conta que há o desenvolvimento de tecnologia e soluções, incluindo substituição do diesel e gás natural na mineração, por exemplo.
Carla Primavera, superintendente de transição energética e clima no BNDES, complementou que nenhum banco é capaz de oferecer sozinho o volume de financiamento necessário para a transição energética, mas frisou o papel da companhia visto a longa trajetória no setor de renováveis.
Até então, o BNDES já apoiou mais de 80% da expansão de renováveis no Brasil. Em 2018, fomentou o mercado livre de energia e segue impulsionando novas soluções para diversos setores cruciais na descarbonização."Adotamos uma estratégia clara para financiar essa transição, visto que o Brasil precisa aproveitar a tamanha oportunidade. Tenho plena convicção de que seremos capazes de estruturar os projetos que fizerem o dever de casa e viabilizar os investimentos", concluiu.