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Brasil lança plataforma de investimentos para acelerar transição verde e busca projetos

Com apoio do BNDES, a iniciativa do governo federal visa impulsionar a descarbonização da economia, o alcance das metas climáticas e o uso sustentável dos recursos

Alguns projetos-piloto já foram identificados para serem testados e totalizam US$ 10,8 bilhões em investimentos. (cortesia the balance.com/Reprodução)

Alguns projetos-piloto já foram identificados para serem testados e totalizam US$ 10,8 bilhões em investimentos. (cortesia the balance.com/Reprodução)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 23 de outubro de 2024 às 12h06.

Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 12h15.

O financiamento é um dos destaques da Conferência do Clima da ONU (COP29) em Baku e mobilizar capital estrangeiro é peça-chave para que o Brasil acelere a transição rumo à economia verde e alcance suas metas de desenvolvimento e clima. 

Às vésperas da COP, o país se prepara para apresentar seus novos compromissos da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para 2035 e irá contar com a ajuda de uma nova plataforma voltada a atrair recursos para o desenvolvimento sustentável. 

Gerida pelo BNDES, a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP) foi lançada nesta quarta-feira (23) pelo governo federal, com a união do Ministério da Fazenda do Brasil, Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, Ministério de Minas e Energia e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e em parceria com a Bloomberg Philanthropies, a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (GFANZ) e o Fundo Verde para o Clima (GCF). 

Fernando Haddad, Ministro da Fazenda do Brasil, disse em comunicado que a iniciativa abre um novo horizonte para a agenda climática brasileira, "em um processo de estruturação de nossos marcos regulatórios e financeiros e o início de nova onda de investimentos verdes.”

Geraldo Alckmin, Vice-Presidente do Brasil e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, complementou que também "facilita a divulgação das oportunidades de negócios no país, nos setores da economia verde, atraindo ainda mais recursos produtivos -- que se traduzem em geração de emprego e renda.”

Segundo o governo, a ideia é apoiar projetos e programas em setores-chave públicos e privados, em alinhamento com os Planos de Transformação Ecológica e Climática do país. Inicialmente, o foco será em investimentos voltados a soluções baseadas na natureza e bioeconomia, incluindo a restauração e o manejo sustentável da vegetação nativa, redução do desmatamento, agricultura regenerativa e o manejo de resíduos; descarbonização da índústria e mobilidade elétrica e transição energética.

Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática do Brasil, disse que a BIT é resultado dos esforços no combate à mudança do clima e uma inovação trazida pela presidência brasileira do G20. “Será essencial para a implementação do Plano Clima, atraindo investimentos de outros países para acelerar e dar escala à descarbonização da economia", destacou.

A meta atual brasileira é reduzir suas emissões em 53% até 2030 e inclui ações de combate ao desmatamento, práticas agrícolas sustentáveis, descarbonização industrial, soluções baseadas na natureza, fontes diversificadas de energia renovável, transporte sustentável e bioeconomia.

Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia do Brasil, acrescentou ser um divisor de águas para atrair recursos voltados à expansão da energia renovável, alinhada com a transição energética justa e inclusiva. "Estamos confiantes de que temos os parceiros certos para dar escala e visibilidade. acelerando o desenvolvimento socioeconômico", disse.

A BIP também irá trabalhar com fundos e iniciatiavas já existentes, como o Restaura Amazônia e o programa Acelerador de Transição Industrial (ITA) Brasil, o Hub de Descarbonização Industrial, o Hub de Hidrogênio e o Laboratório de Investimentos da Natureza do Brasil. Além disso, irá buscar parcerias para financiar tecnologias emergentes e desenvolver mecanismos inovadores.

Michael R. Bloomberg, Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para Ambição Climática e Soluções e Fundador da Bloomberg Philanthropies, complementou que a COP30 é uma oportunidade para o Brasil mostrar como o combate a crise climática e o fomento ao crescimento econômico podem andar de mãos dadas.

"As metas ambiciosas e sua determinação em alcançá-las refletem a liderança de que precisamos para acelerar a transição para energias limpas – e para interromper os efeitos mais letais e custosos das mudanças climáticas", escreveu.

Segundo Aloizio Mercadante Oliva, Presidente do BNDES, o histórico de 72 anos do banco e seu profundo conhecimento local em fomentar o desenvolvimento social e econômico, além da infraestrutura  do país, serão uma alavanca fundamental para o trabalho da plataforma. “Acreditamos que podemos replicar o sucesso e a liderança do Brasil em investimentos em energia renovável para todos os setores selecionados, posicionando o país na vanguarda da transição climática", disse. 

Alguns projetos-piloto já foram identificados pela plataforma para serem testados e totalizam US$ 10,8 bilhões em investimentos. Confira os selecionados:

  • Acelen Renewables, com uma proposta de combustíveis renováveis de US$ 3 bilhões, visando produzir 1 bilhão de litros por ano de diesel verde e SAF  partir de macaúba, uma planta brasileira;
  • Projeto Corredores para a Vida, liderado pela Ambipar Environment e pelo IPÊ, que busca US$ 95 milhões para restaurar um dos maiores corredores ecológicos do Brasil na Mata Atlântica.
  • Projeto de US$1,15 bilhão daAtlas Agro, primeiro voltado a desenvolver uma planta de fertilizantes verdes em escala industrial no Brasil;
  • Biomas, que investirá US$ 150 milhões na restauração de 14 mil hectares de vegetação na Amazônia e Mata Atlântica;
  • Fortescue, que está criando uma planta de hidrogênio verde de US$ 3,5 bilhões;
  • Projeto Caldeira daMeteoric Resources, que visa arrecadar US$ 425 milhões para financiar o desenvolvimento de métodos de extração de baixa emissão para elementos de terras raras;
  • Vale, que possui um projeto para induzir o investimento de parceiros de aproximadamente US$2,5 bilhões na construção de polos industriais no Brasil para a produção de hidrogênio verde e ferro briquetado a quente (HBI), para a descarbonização da indústria siderúrgica.
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