ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Brasil ganha primeiro mapeamento sobre finanças climáticas e reúne 37 iniciativas

Estudo inédito lançado pelo Climate Finance Hub Brasil (CFH) destaca o avanço em investimentos voltados à mitigação e adaptação e a maior transparência ambiental

O ecossistema reúne iniciativas que fomentam a agenda climática e se relacionam com a de finanças, impulsionando a transição para uma economia de baixo carbono

O ecossistema reúne iniciativas que fomentam a agenda climática e se relacionam com a de finanças, impulsionando a transição para uma economia de baixo carbono

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 08h00.

Tudo sobreCOP30
Saiba mais

Em um momento crucial para o avanço das metas de financiamento climático e com o mundo mirando a COP30 na Amazônia, o Brasil acaba de ganhar o primeiro mapeamento do ecossistema de finanças sustentáveis e reúne 37 iniciativas.

O estudo inédito foi lançado pelo Climate Finance Hub Brasil (CFH) na quinta-feira (6) e traz uma análise robusta de organizações que se relacionam e impulsionam a agenda climática, visando a transição para um futuro de baixo carbono. 

O conceito de finanças climáticas usualmente se refere ao conjunto de fluxos e capital financeiro destinados a apoiar atividades e projetos verdes voltados à mitigação dos impactos das mudanças climáticas e a adaptação das cidades para se tornarem mais resilientes frente aos seus efeitos mais severos.

De forma mais ampla, também pode ser entendido como um ecossistema integrado e que leva em conta a necessidade de transformar todo o sistema financeiro para apoiar a transição. 

Linda Murasawa, à frente do levantamento no CFH, disse em evento de lançamento que introduzir as ações climaticas "é um bicho de sete cabeças para a maioria dos negócios" e que o objetivo do hub é ajudar o setor financeiro e privado e todos seus stalkeholders a ter informações mais claras para que se possam ser feitas análises em finanças sustentáveis, entender riscos e oportunidades e tomar melhores decisões de investimento. 

"Indíviduos e empresas não vão conseguir fazer nada sozinhos no combate à crise climática. Estes modelos colaborativos são essenciais", destacou. 

Um dos insights, segundo a especialista, é sobre uma das lacunas nas iniciativas: a maioria apresentou baixa adesão aos padrões globais. 

Denise Hills, conselheira do hub, complementou que o mapeamento tem o papel de trazer um 'retrato' da realidade e foi possível perceber um avanço expressivo de investimentos sustentáveis no mercado. "É sobre dar clareza para financiarmos a transição climática", ressaltou. 

Setores-chave

O ecossistema colaborativo traz players em cinco setores-chave que se relacionam com finanças climáticas. 

  1. Divulgação climática ou 'Disclosure Climático': aqueles relacionados à transparência e prestação de contas e essenciais na  integração dos riscos climáticos das decisões financeiras. A exemplo, estes incluem organizações responsáveis pela divulgação de dados sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) ou de planos de adaptação e governança.
  2. Ciência: crucial para as finanças climáticas, fornece informações sobre os impactos das mudanças climáticas e projeta cenários. Suas implicações servem de norte para o mercados financeiro e investimentos.
  3. Finanças sustentáveis: englobam a integração de fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) nas decisões financeiras e buscam direcionar capital para impulsionar projetos e tecnologias que ajudem no combate à crise climática e no cumprimento de metas.
  4. Representação Setorial: se refere a organizações que representam setores específicos da economia -- como agricultura, energia e transporte -- para incluí-las nas discussões sobre políticas e boas práticas climáticas. Cada um, tem especificidades diferentes e pode alocar recursos de acordo com a necessidade para a transição. Em energia, por exemplo, a aposta é no financiamento para fontes renováveis.
  5. Plataformas de conhecimento e dados abertos: aquelas que permitem coleta, disseminação e compartilhamento de informações relevantes sobre mudanças climáticas e finanças, trazendo maior transparência e acesso para que se tomem melhores decisões em investimentos.

Destaques 

O Brasil tem avançado no cenário global de finanças climáticas: o Partnership for Carbon Accounting Financials (PCAF) já conta com 13 instituições financeiras no país para mensuração de emissões relacionadas. 

Já a organização do ecossistema financeiro climático ainda é recente, mas vem sendo estruturada com mais clareza, o que facilita a alocação eficiente de recursos para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

A transparência ambiental também alcançou novos patamares. Em 2023, mais de 1.100 empresas brasileiras participaram do Carbon Disclosure Project (CDP), o que representa 78% do mercado de capitais nacional. O movimento reflete um crescente compromisso com a divulgação de dados ambientais e uma gestão mais responsável dos impactos climáticos.

Outro destaque é o pioneirismo brasileiro na adoção de padrões globais de relatórios climáticos, como o TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures) e o ISSB (International Sustainability Standards Board), consolidando o país como líder na América Latina em transparência e boas práticas no setor.

As metas climáticas também caminham mais rapidamente: o número de empresas brasileiras com compromissos validados pela Science Based Targets Initiative (SBTi) cresceu 82% em apenas um ano.

O setor financeiro brasileiro tem demonstrado um forte engajamento com iniciativas globais, como a Net-Zero Banking Alliance e a Asset Owner Alliance, que visam estruturar portfólios alinhados à neutralidade de carbono e refletindo uma mudança significativa nos investimentos.

A tecnologia é apontada como aliada importante na luta contra as mudanças climáticas. O MapBiomas, por exemplo, se destaca como uma plataforma de dados abertos que mapeia as emissões e os índices de desmatamento no Brasil.

As soluções baseadas na natureza e a bioeconomia ainda são áreas pouco exploradas no país e que podem o transformar em líder global, aproveitando seus potenciais em biodiversidade para impulsionar a economia sustentável e a sociobiodiversidade.

Ainda segundo o estudo, os avanços colocam o Brasil em uma posição privilegiada no movimento por um futuro mais sustentável e destaca a relevância de um ecossistema financeiro alinhado às metas climáticas.

Iniciativas mapeadas

A seguir, confira a lista das 37 iniciativas mapeadas pelo hub e divididas por setor.

Divulgação climática ou 'Disclosure Climático'

  1. CDP (Carbon Disclosure Project)
  2. The Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) / International Sustainability Standards Board (ISSB)
  3. Global Reporting Initiative (GRI)

Ciência

4. Science Based Targets initiative (SBTi)

Finanças sustentáveis

5. The Partnership for Carbon Accounting Financials (PCAF)
6. The Coalition of Finance Ministers for Climate Action (CFMCA) e The Helsinki Principles
7. United Nations Environment Programme Finance Initiative (UNEP FI)
8. Net-Zero Asset Owner Alliance (NZAOA)
9. Net Zero Banking Alliance (NZBA)
10. Equator Principles (EPs)
11. Moody’s e a Net Zero Assessment platform
12. The Coalition for Climate Resilient Investment (CCRI)
13. InsuResilience Global Partnership (IGP)

Instituições de representação setorial

14. Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN)
15. Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
16. Confederação Nacional da Indústria (CNI)
17. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
18. Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA)
19. Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE)
20. Confederação Nacional das Empresas de Seguros, Previdência Privada e de Capitalização (CNseg)
21. Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos, Valores Mobiliários e Commodities (ANCORD)
22. Associação Brasileira de Bancos Comerciais (ABBC)
23. Associação Brasileira de Bancos Internacionais (ABBI)

Plataformas de conhecimento e dados abertos

24. Laboratório de Inovação Financeira (LAB)
25. Nature Investment Lab
26. Aliança Brasileira para Finanças e Investimentos Sustentáveis (BRASFI)
27. NewClimate Institute for Climate Policy and Global Sustainability
28. Capacity-building Alliance of Sustainable Investment (CASI)
29. Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ)
30. Green Finance Platform for Latin America and the Caribbean (GFL)
31. UNEP’s Climate Finance Unit
32. AdaptaBrasil
33. Sistema Nacional de Registro de Emissões (SIRENE)
34. MapBiomas
35. ClimateScanner
36. Fundação Getulio Vargas - Centro de Estudos em Sustentabilidade (FGVces)
37. Portal de Conhecimento sobre Mudanças Climáticas do Banco Mundial (CCKP)

O estudo completo está disponível para consulta neste site.

Acompanhe tudo sobre:FinançasSustentabilidadeESGClimaMudanças climáticas

Mais de ESG

Projeto de lei cria regras para resgate de animais após desastres ambientais e climáticos

Revolução do reaproveitamento: conheça a premiada trajetória da Nude

Sustentabilidade e OLUC: o papel das empresas na gestão desse resíduo

Petrobras lança fundo de R$ 100 milhões para projetos de bioeconomia