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Delegação do Brasil em Baku: chamado reconhece a tradicional competência da diplomacia brasileira em resolver impasses em conferências climáticas, como já ocorreu na COP27, no Egito. (Leandro Fonseca/Exame)
Editora ESG
Publicado em 19 de novembro de 2024 às 07h07.
Última atualização em 19 de novembro de 2024 às 07h08.
Em um movimento que reflete tanto a urgência quanto a morosidade com que tem andado as tratativas para acordos de financiamento climático em Baku , o presidente da COP29, Mukhtar Babayev, formalizou um pedido de apoio ao Brasil e ao Reino Unido para mediar as discussões cruciais que visam estabelecer um compromisso financeiro global de US$ 1 trilhão anuais para as nações em desenvolvimento.
A escolha dos dois países não foi aleatória. Futuro anfitrião da COP30 em Belém, o Brasil representa a perspectiva das nações em desenvolvimento, enquanto o Reino Unido, que sediou uma conferência em Glasgow, traz a visão do mundo desenvolvido. Esta composição estratégica busca equilibrar interesses frequentemente divergentes nas negociações climáticas.
A convocação dos mediadores especiais sinaliza ainda dois aspectos significativos no atual momento da Cúpula no Azerbaijão. Primeiro, reconhece a tradicional competência da diplomacia brasileira em resolver impasses em conferências climáticas - habilidade demonstrada também na COP27 em Sharm El Sheikh e em outras ocasiões Conferências críticas. Segundo, avaliza que as negociações em Baku enfrentam obstáculos substanciais que precisam de intervenção extraordinária.
Garantia de alta ambição
Em pronunciamento à imprensa nesta segunda-feira, 18, Babayev declarou que o convite aos dois países visa garantir uma ambição alta e um pacote de acordos negociados em Baku. A apreensão com o ritmo lento das negociações ficou bastante evidente quando acrescentou: "As pessoas me dizem que estão preocupadas com o estado das negociações. Deixe-me ser claro: eu também me preocupo com o fato de os países não estarem se movendo rapidamente. É hora de serem mais ágeis."
Paralelamente, Babayev aproveitou a coincidência da reunião do G20 no Rio de Janeiro para fazer um apelo direto às maiores economias mundiais. Um timing que não poderia ser mais apropriado, considerando que o grupo representa 85% do PIB global e é responsável por 80% das emissões de gases de efeito estufa. "A liderança do G20 é essencial para progredirmos em todos os pilares do Acordo de Paris, das finanças à mitigação e adaptação", enfatizou o presidente da COP29.
De fato, a convergência de eventos - a mediação Brasil-Reino Unido e a reunião do G20 - pode representar um momento decisivo para as negociações climáticas globais, especialmente considerando o objetivo ambicioso de recursos financeiros para apoiar a transição climática.