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Evento na Amcham: Brasil e Azerbaijão debatem financiamento climático e cooperação para a transição energética (Rodrigo Caetano/Exame)
Editor ESG
Publicado em 6 de setembro de 2024 às 10h47.
Última atualização em 6 de setembro de 2024 às 10h48.
A agenda da COP29, conferência do clima da ONU que acontece em Baku, capital do Azerbaijão, em novembro deste ano, estará centrada na busca por facilitar o acesso a financiamento climático. No evento O Brasil na COP, realizado pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), nesta sexta-feira, 6, em São Paulo, embaixadores dos dois países elencaram as prioridades para o evento.
Rashd Novruz, embaixador do Azerbaijão no Brasil, destacou a importância de manter e fortalecer os investimentos na transição energética, especialmente pelo papel central do país como produtor de petróleo. O foco será garantir o acesso ao financiamento e a implementação de projetos que assegurem uma transição justa. "Não é uma fase out, é transição", reforçou Novruz, reiterando a necessidade de proteger investimentos energéticos e assegurar a continuidade dos acordos de Dubai.
Na COP28, realizada em Dubai em 2023, um dos principais acordos foi o compromisso de reduzir gradualmente o uso de combustíveis fósseis, sinalizando a necessidade de uma transição global para energias renováveis com o objetivo de alcançar emissões líquidas zero até 2050. O texto final também prevê a triplicação da capacidade de geração de energias renováveis até 2030 e o aumento da eficiência energética global. Além disso, houve avanços em relação ao fundo de adaptação climática, que busca transferir recursos financeiros dos países ricos para os países em desenvolvimento, uma promessa que já vinha sendo discutida há quase uma década.
Outro ponto de destaque foi a criação de compromissos mais fortes para conter o desmatamento e abordar as contribuições da agricultura para as mudanças climáticas, refletindo a importância desses setores na mitigação dos efeitos climáticos.
Luiz Alberto Figueiredo Machado, embaixador extraordinário para a Mudança do Clima do Brasil, ressaltou a urgência em definir um New Collective Quantified Goal, uma meta de financiamento climático que deve superar os 100 bilhões de dólares, valor que os países desenvolvidos se comprometeram a repassar aos países em desenvolvimento para acelerar a transição econômica desde 2009 – o montante, no entanto, nunca foi repassado.
Para Machado, a COP29 será crucial para criar novos compromissos e facilitar o acesso aos fundos disponíveis. Segundo Figueiredo, a regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que trata do mercado de carbono, também será um dos temas centrais em Baku.
A COP (Conferência das Partes) é a principal conferência climática mundial, organizada pela ONU desde 1995. Seu objetivo é reunir quase 200 nações para avaliar os esforços de mitigação das mudanças climáticas e definir novos compromissos globais. Entre os acordos históricos resultantes das COPs, destacam-se o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5ºC, e a criação do mercado global de carbono, que visa comercializar créditos de emissões de CO2 entre os países.
Além de suas prioridades individuais, Brasil e Azerbaijão expressaram interesse em trabalhar juntos na COP29 para alcançar objetivos comuns. Os dois países planejam fortalecer suas parcerias e garantir que as metas climáticas sejam implementadas de forma eficaz. Novruz sugeriu que a relação "B2B - Baku to Belém" simboliza essa colaboração, reforçando o compromisso mútuo com a transição energética e a criação de um futuro mais sustentável.
Thais Ferraz, diretora do Instituto Clima e Sociedade, afirmou que a "grande expectativa para a COP29" é a meta de financiamento climático. No entanto, ela destacou que ainda há um grande espaço para avanços, especialmente em relação ao custo das externalidades e à mensuração dos impactos negativos. Outro ponto crucial, segundo ela, é a revisão das NDCs, as metas de redução de emissões. “As metas são globais, mas a implementação é local. Por isso, é essencial uma ampla representatividade da sociedade civil”, ressaltou.