ESG

Bradesco e Enel X constroem 9 usinas solares para abastecer agências

Energia limpa irá para mais de 300 agências do banco e economizará cerca de 12 mil toneladas de carbono

Agência Bradesco na Avenida Paulista, em São Paulo. (Eduardo Frazão/Exame)

Agência Bradesco na Avenida Paulista, em São Paulo. (Eduardo Frazão/Exame)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 28 de setembro de 2021 às 08h54.

O banco Bradesco e a Enel X, braço de energia renovável da italiana Enel, construirão 9 usinas solares para abastecer as agências da instituição financeira. No total, as usinas terão uma capacidade de 11 MW, o suficiente para iluminar mais de 300 agências. O contrato de fornecimento será de 10 anos.

As usinas serão instaladas nas cidades de Quixeré, no Ceará; Buriti Alegre, em Goiás; e Seropédica e Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Mais de 18 mil painéis serão utilizados para gerar a energia limpa, em uma área de 246 mil metros quadrados. O início da operação está marcado para junho de 2022.

O projeto foi desenhado sob medida para o banco. Francisco Scoffa, responsável pela Enel X no Brasil, explica que a energia proveniente das usinas será jogada na rede de distribuição, gerando um crédito que será destinado às agências. “É um modelo que traz previsibilidade e economia”, afirma Scoffa. “Mesmo com o custo de construir as usinas, a conta fecha.”

A economia, segundo Adelmo Romero Perez Junior, diretor do departamento de patrimônio do Bradesco, supera os 10% na conta de luz. “A previsibilidade também é muito importante”, ressalta Junior. “Comprar energia é como atuar num mercado futuro. Investir nesse tipo de projeto mitiga o impacto das bandeiras tarifárias.” O banco possui outras 4 fazendas solares.

Empresas que possuem uma grande capilaridade de pontos de venda ou agências, como um banco, têm um desafio adicional para a compra de energia. Apesar de, na soma das unidades, o consumo ser alto o suficiente para o mercado livre, cada agência conta como um único consumidor. O Bradesco compra energia limpa no mercado livre para seus prédios administrativos, porém, precisa pagar o preço normal de distribuição nas lojas, que representam 60% do consumo.

“Não podemos colocar 100% das agências na geração distribuída (modelo que compreende a energia solar”, diz Junior. “Onde é possível, utilizamos as fazendas solares, e onde não é, compramos certificados para compensar”. O banco utiliza apenas energia limpa em todas as suas operações desde o ano passado.

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Cidades inteligentes e transporte público

Os planos da Enel X no Brasil incluem, além de desenvolver projetos para grandes empresas, atuar nas áreas de cidades inteligentes e mobilidade. A companhia já conta com projetos de ônibus elétricos no Chile, onde opera 500 veículos, e na Colômbia, que conta com 1,5 mil ônibus a bateria.

Segundo Scoffa, o modelo de negócios para a mobilidade é parecido com o das fazendas solares. A Enel X adquire os veículos, instala a infraestrutura de carregamento nas garagens do operador e assume a manutenção. O contratante se preocupa apenas com a operação logística.

Futuramente, há possibilidade de ampliar esse modelo para frotas de automóveis, tanto para grandes empresas, quanto para cooperativas de táxi ou aplicativos. “Já temos uma parceria com a Uber que envolve a instalação de infraestrutura de recarga”, diz Scoffa. “Esse tipo de contrato funciona quando se tem um uso intenso dos veículos.”

energia solar bate recorde no Nordeste

Na contramão da seca em todo o Brasil e os desafios de geração de energia nas usinas hidrelétricas, a rede de energia solar na região Nordeste, a principal do país nesta frente, registrou recorde de geração em agosto.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciou que o recorde de geração instantânea foi batido na manhã do dia 26. Foi registrado às 11h57 um pico de 2.336 megawatts (MW).

O montante foi suficiente para atender a 20% de toda a demanda elétrica da região naquele minuto.

A rede de energia solar da região Nordeste vem batendo recordes nos últimos meses, enquanto a matriz hidrelétrica sofre com a falta de chuvas.

O recorde anterior já havia sido batido em 19 de julho, com 2.211 MW de geração  de energia solar instantânea.

Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a região tem mais de 2,4 GW de usinas fotovoltaicas em operação, 70% da capacidade instalada de geração centralizada no Brasil.

Matriz elétrica brasileira

A energia solar representa 2% da matriz brasileira, e o ONS aponta que a expectativa é atingir 2,7% até o fim do ano.

Segunda o ONS, em 2020, a matriz brasileira foi representada pelas seguintes fontes de energia:

  • Solar fotovoltaica: 1,85%
  • Nuclear: 1,20%
  • Eólica: 10,06%
  • Térmica: 21,44%
  • Hidrelétrica: 65,45%

projeção é que, em 2025, a energia solar represente 4% da matriz energética brasileira e a energia eólica chegue a 13% do total. As hidrelétricas devem cair para 59%.

 

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