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BlackRock rompe com grupo climático em meio à pressão política nos EUA

Gigante financeira cita investigações ao sair da Net Zero Asset Managers Initiative

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, enfrenta pressões políticas ao abandonar grupo climático global. (Bloomberg/Getty Images)

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, enfrenta pressões políticas ao abandonar grupo climático global. (Bloomberg/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 09h50.

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, anunciou sua saída da Net Zero Asset Managers Initiative (NZAMi), um dos maiores grupos globais de investidores focados em ações climáticas. A decisão, revelada em uma carta enviada aos clientes, foi motivada pela crescente pressão política de legisladores republicanos e investigações legais relacionadas às práticas climáticas da empresa. As informações são da Bloomberg.

Com mais de US$ 11 trilhões em ativos sob gestão (R$ 67,1 trilhões), a BlackRock vinha enfrentando críticas de políticos conservadores que a acusavam de adotar políticas consideradas "woke" (conscientes de injustiças sociais, promovendo inclusão e equidade), ou excessivamente progressistas.

Recentemente, a empresa foi citada em uma ação liderada pelo Texas, que acusa gestores de ativos de violar leis antitruste ao implementar estratégias climáticas que supostamente prejudicam a produção de carvão.

Pressão política e impacto no setor financeiro

A decisão da BlackRock ocorre em um momento de crescente resistência política nos Estados Unidos contra iniciativas climáticas.

Com a posse iminente de Donald Trump em um novo mandato presidencial, espera-se que a pressão sobre Wall Street aumente ainda mais. A saída da BlackRock segue uma onda de desligamentos de grandes bancos americanos da Net-Zero Banking Alliance, incluindo Goldman Sachs, JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup.

"Embora a participação na NZAMi não tenha impactado como gerimos os portfólios dos clientes, nossa saída reflete a necessidade de evitar confusões e riscos legais crescentes", afirmou a BlackRock em sua carta, assinada pelo vice-presidente Philipp Hildebrand e pela chefe global de soluções sustentáveis, Helen Lees-Jones.

Compromissos climáticos e o futuro da BlackRock

Apesar de sua saída do grupo, a BlackRock reforçou seu compromisso com investimentos sustentáveis. A empresa afirmou administrar mais de US$ 1 trilhão (R$ 6,1 trilhões) em estratégias de transição climática e sustentáveis até setembro de 2024. Além disso, cerca de dois terços de seus maiores clientes, especialmente na Europa, mantêm compromissos de neutralidade de carbono.

A Net Zero Asset Managers Initiative, da qual a BlackRock fazia parte, reúne cerca de 325 gestores de ativos que administram US$ 50 trilhões (R$ 302 trilhões) globalmente. Entre as gigantes do setor, a Vanguard deixou o grupo em 2022, enquanto a State Street Global Advisors permanece como membro.

Conflitos e desafios

Larry Fink, CEO da BlackRock, era um defensor fervoroso das estratégias ESG (ambientais, sociais e de governança). Porém, diante de críticas e da retirada de bilhões de dólares por estados controlados pelos republicanos, Fink deixou de usar o termo ESG, alegando sua politização excessiva.

"A saída da BlackRock reflete pressões políticas e insatisfação de acionistas que veem prejuízo nos negócios devido a agendas climáticas", disse Erik Gordon, professor da Ross School of Business da Universidade de Michigan.

Com a crescente polarização em torno de temas climáticos, a decisão da BlackRock pode sinalizar um impacto mais amplo no setor financeiro, que busca equilibrar compromissos ambientais com as demandas de investidores e legisladores.

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