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Bill Gates é mais um a desembarcar dos compromissos climáticos?

Esvaziamento das equipes de advocacy da Breakthrough Energy reflete adaptação ao novo cenário de enfraquecimento da governança climática nos EUA

Bill Gates: Entre os dez mais ricos do mundo, bilionário recalibra sua estratégia climática enquanto a administração Trump desmonta políticas ambientais federais (Annette Riedl/picture alliance/Getty Images)

Bill Gates: Entre os dez mais ricos do mundo, bilionário recalibra sua estratégia climática enquanto a administração Trump desmonta políticas ambientais federais (Annette Riedl/picture alliance/Getty Images)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 18 de março de 2025 às 13h55.

Última atualização em 18 de março de 2025 às 13h58.

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A Breakthrough Energy, organização climática financiada por Bill Gates, demitiu dezenas de funcionários nos Estados Unidos e na Europa, sinalizando o abandono do trabalho de advocacy em políticas públicas, até então um pilar fundamental de sua missão original.

De acordo com reportagens publicadas por veículos internacionais, o grupo demitiu todo o time europeu, bem como toda a equipe de políticas públicas nos EUA, além dos profissionais responsáveis por parcerias com outras organizações com foco em clima e meio ambiente.

A Breakthrough Energy abriga várias iniciativas voltadas para a transição energética. Entre elas estão a Breakthrough Energy Ventures, grande investidora em tecnologias climáticas com participações em mais de 120 empresas, um programa de financiamento para startups e a Breakthrough Catalyst, plataforma de investimento em tecnologias climáticas.

Em comunicado, a organização afirmou que o cofundador da Microsoft "segue tão comprometido quanto sempre com o avanço das inovações em energia limpa necessárias para enfrentar as mudanças do clima", acrescentando ainda que seu trabalho nesta área continuará focado em ajudar a impulsionar soluções energéticas limpas, confiáveis e acessíveis.

Momento de enfraquecimento geral da regulação ambiental

A decisão vem em um momento em que republicanos consideram reverter partes da legislação climática do governo Biden, que Gates ajudou a aprovar no Congresso em 2022.

A ofensiva do governo Trump contra estruturas e instituições focadas em questões climáticas incluiu ainda, há algumas semanas, a demissão de funcionários da Agência de Proteção Ambiental (EPA), o cancelamento de subsídios para diversos projetos ambientais e a saída dos EUA do Acordo de Paris.

Adicionalmente, a EPA formalizou há alguns dias, uma profunda reestruturação do sistema regulatório climático americano, incluindo a revisão do "endangerment finding" (constatação de perigo), dispositivo jurídico estabelecido em 2009, que funciona como alicerce legal para praticamente toda a arquitetura regulatória ambiental relacionada às mudanças climáticas do país.

A revisão sinaliza um potencial enfraquecimento sistemático dos mecanismos de proteção ambiental em escala nacional, ao comprometer a classificação dos gases de efeito estufa de acordo com potencial de ameaças à saúde pública e ao meio ambiente.

Com fortuna estimada em 160,1 bilhões de dólares, Bill Gates é um conhecido defensor de ações contra mudanças climáticas. Em livro publicado em 2021, ele escreveu que "desenvolver novas políticas" era essencial para implementar tecnologias climáticas avançadas. "Nos Estados Unidos, a conversa sobre clima foi desviada pela política. Alguns dias, parece que temos pouca esperança de conseguir qualquer progresso", afirmou na obra.

Alguns veículos internacionais chamaram a atenção para o fato de o recuo em investimentos climático acontecer ao mesmo tempo em que os EUA cortam a ajuda externa, um campo onde a Gates Foundation atua fortemente como doadora, com um orçamento de bilhões e foco no desenvolvimento internacional.

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