Parque híbrido de energia solar e eólica da Enel no interior de Pernambuco (Germano Lüders / EXAME) (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2021 às 13h54.
Osvaldo Lobo Pires*
Recuperar a economia brasileira é um desafio que diz respeito a todos os setores produtivos. Além de avanços na vacinação, a retomada precisa estar alicerçada em outro pilar: na sustentabilidade. Não há futuro próspero sem respeitar o ambiente. E, neste momento, torna-se ainda mais estratégico para as instituições financeiras a presença em investimentos que revigorem o desenvolvimento — e a energia limpa é uma alternativa viável para aquecer o mercado neste momento de crise hídrica, garantindo emprego e renda, reduzindo custos de produção e refletindo na competitividade.
O Brasil tem margem para avançar na diversificação da matriz energética, e os bancos sabem disso. O modelo eólico já é o segundo mais importante do país. Dados recentes sobre o uso da energia solar apontam que Minas Gerais e Rio Grande do Sul lideram o ranking nacional em potência instalada. Nesse modelo, o estado gaúcho alcançou, em maio deste ano, a marca histórica de 700 megawatts operacionais, captados em telhados, fachadas e pequenos terrenos.
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É importante observar que grande parte desses projetos só saiu do papel porque recebeu apoio por meio de financiamentos bancários. No Banrisul, por exemplo, há pelo menos nove linhas de crédito para esse fim: CDC Sustentabilidade, Fundo Clima, Finame Baixo Carbono, Banrisul Fomento, Financiamento Especial para Setor Público, Pronaf, Inovagro, Programa ABC e Pronamp. Em um ano, em torno de 5 mil contratos permitiram a instalação de equipamentos ambientalmente adequados em empresas, residências e propriedades rurais, por pessoas físicas e jurídicas. Somente de janeiro a setembro de 2021, foram financiados R$ 233,3 milhões para energia limpa e renovável.
Iniciativas que estimulam fontes alternativas de energia sempre foram bem-vistas, mas recentemente passaram a ser estrategicamente consideradas como ferramentas de recuperação. O mercado já compreendeu que investimentos na área movimentam a economia e auxiliam negócios de todos os portes. Um setor que tem colhido resultados positivos é o agro. Por meio do uso de energia solar ou eólica, as propriedades rurais têm se tornado autossustentáveis.
Oferecer condições favoráveis para o desenvolvimento é uma missão dos bancos, para além da oferta de crédito. Liberar recursos é uma pequena parcela de um processo que envolve estudos de viabilidade, diálogo e construção. É preciso conhecer as comunidades, valorizar estrategicamente as matrizes produtivas regionais e reforçar diariamente o relacionamento institucional com universidades, centros de pesquisa, empreendedores e governos. Apostar em hubs de inovação, que pensem novas tecnologias — alinhadas com os debates sobre o clima — é outra postura essencial.
Cabe, ainda, dar o exemplo, a partir das próprias ações ambientais, sociais e de governança corporativa, o que se classifica como ESG. Criar uma área específica para assuntos ligados à sustentabilidade é um avanço, contribuindo para ampliar a consciência de que uma instituição financeira também pode ser abastecida por energia limpa. O Banrisul, nesse sentido, aderiu ao Carbon Disclosure Project, para impulsionar uma economia de baixo carbono. Igualmente, em linha com os objetivos da Agenda 2030 da ONU, protagoniza ações contra a mudança global do clima.
E mesmo que o atendimento por canais digitais seja tendência — 77,5% das transações já são realizadas nesse formato —, ainda há a capilaridade e a presença forte das agências e postos de atendimento. Os espaços físicos e os colaboradores que neles atuam podem multiplicar ações ambientalmente corretas, que sensibilizem a sociedade local.
Tudo isso só reforça que o movimento para recuperar os estados e o Brasil deve, sim, passar por questões ligadas ao meio ambiente. A retomada sustentável vai tornar a economia mais competitiva, aberta a novas oportunidades e sintonizada com soluções inovadoras do mercado global. Instituições financeiras que estiverem atentas a esse novo cenário certamente farão parte de uma transformação histórica, com impactos sociais e financeiros. O crédito incentiva, mas a postura de um banco como parceiro das comunidades produz resultados ainda mais sólidos e duradouros.
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*Diretor de crédito do Banrisul