Jerome Powell, presidente do Fed, o banco central dos Estados Unidos (Andrew Harrer/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 7 de maio de 2021 às 12h11.
Última atualização em 7 de maio de 2021 às 13h46.
Por Carolynn Look
A desigualdade econômica não é causada pelos bancos centrais, e autoridades governamentais devem fazer sua parte no combate às razões fundamentais para a desigualdade de renda e riqueza, segundo o Banco de Compensações Internacionais.
“A desigualdade não é um fenômeno monetário no longo prazo”, disse o gerente-geral do BIS, Agustín Carstens, em discurso na Universidade de Princeton na quinta-feira.
“Os bancos centrais estão totalmente cientes das consequências de suas ações na distribuição de renda e riqueza em horizontes mais curtos”, mas “não têm as ferramentas necessárias para atingir resultados distributivos almejados além de seus objetivos obrigatórios”.
Autoridades na Europa e EUA enfrentam pressão para reconhecer o impacto desigual de suas políticas ultraexpansivas.
Com milhões de desempregados e protestos nos EUA por causa da desigualdade racial, no ano passado o Fed se comprometeu com uma abordagem mais inclusiva quando atualizou sua estratégia.
Já o Banco Central Europeu, que atualmente revisa sua abordagem, defendeu mais esforços para compreender o que a distribuição desigual de renda e riqueza significa para a transmissão de suas políticas.
Ainda assim, Carstens rebateu o argumento de que a política frouxa dos bancos centrais ajuda indevidamente os ricos por meio de preços mais altos de imóveis e ações, dizendo que fatores como tecnologia e globalização estão por trás do aumento da desigualdade.
Ele também destacou que a inflação sem controle atua como um imposto sobre os pobres, enquanto a instabilidade do setor financeiro causada por uma política monetária muito frouxa por muito tempo pode resultar em crises e cicatrizes duradouras de desigualdade.
“Cumprir o mandato dos bancos centrais de garantir a estabilidade macroeconômica fornece a melhor base para uma sociedade justa”, disse Carstens. Mas “manter a economia estável não é algo que a política monetária possa fazer por conta própria”.