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Após unir custo de vida e pagamentos, Natura se torna embaixadora do Movimento Salário Digno

Empresa se junta a iniciativa do Pacto Global da ONU - Rede Brasil para garantir remuneração justa aos trabalhadores

Natura: uso de protocolo em casos de eventos climáticos é frequente (Leandro Fonseca/Exame)

Natura: uso de protocolo em casos de eventos climáticos é frequente (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 4 de outubro de 2024 às 14h00.

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A fabricante de cosméticos Natura acaba de se tornar embaixadora do Movimento Salário Digno, promovido pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil. A iniciativa busca engajar empresas a discutir o tema e garantir que mais instituições atuem para promover a remuneração justa de seus funcionários.

O tema se distingue do salário-mínimo, valor instituído pelos governos federal e estadual para definir a base da remuneração. Segundo a estratégia da Natura, esse valor não abarca a totalidade dos serviços básicos -- como alimentação, água, moradia, saúde, transporte, lazer e vestuário, além de uma reserva para emergências.

Em entrevista à EXAME, Paula Benevides, vice-presidente de Pessoas da companhia, conta que iniciativa iniciou a partir de uma reflexão sobre o acréscimo na qualidade de vida que uma remuneração digna pode causar no colaborador. “Partimos do pressuposto de que a renda digna é a porta de entrada para a manutenção de diversos direitos básicos”, afirma.

A iniciativa começou a partir de 2020, quando a Natura instaurou a Visão 2030, sua estratégia de compromissos públicos baseados em metas de sustentabilidade e ESG. A companhia utiliza como métrica pesquisas da Wage Indicator Foundation, instituto europeu de pesquisas que avalia as diferenças no custo de vida entre as regiões do Brasil e da América Latina e as desigualdades econômicas de cada local.

“Fazemos o acompanhamento trimestral, já que os contextos podem mudar muito em um ano. Os dados são fornecidos por consultorias e levam em consideração o tamanho da família típica, a taxa de natalidade e a empregabilidade local”, conta.

Salário digno X Salário-mínimo

No começo de 2024, a companhia anunciou que alcançou a meta de implementar o salário digno para todos os seus trabalhadores na América Latina, mas para Benevides, o desafio não termina por aí.

A companhia ainda atua para manter a remuneração digna, além de replicar o compromisso entre mais empresas. “Entramos na fase de garantir e manter isso como premissa em nossos modelos de gestão. Queremos ser humanos e ter a perspectiva do salário digno como uma meta pública e explícita, assim como temos metas de diversidade, equidade e inclusão”, explica.

Para a Natura, não é apenas um mecanismo de gestão interna: a companhia quer assumir o tema como um compromisso público em seus relatórios. A função de embaixadora desse Movimento surge como uma forma de engajar o mercado brasileiro nessa temática, ainda esquecida nas atuações de diversidade.

“Hoje, são 37 empresas signatárias no Pacto Global no Brasil. Esse número é muito pequeno, e isso não é aceitável. Temos a ambição de implementar também o salário digno para as operações e terceirizadas”, explica a vice-presidente.

Paula conta que além do privilégio e da honra de entrar como embaixadora dessa iniciativa, é uma tarefa de movimentar as empresas para atuarem de forma mais voltada ao “S”, de "social", do ESG, de forma mais ativa. “Se cada empresa conseguir mover sua cadeia de suprimentos e stakeholders, o processo já será acelerado”, conta.

Equidade salarial

A companhia implementou uma estratégia parecida ao pensar nas consultoras de beleza, mulheres que trabalham com a revenda dos produtos Natura dentro dos bairros. “Nosso objetivo é aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano das consultoras em 10%, o que é um impacto mensurável em sua qualidade de vida e a garantia de uma renda digna”, aponta.

A justiça nas remunerações não foi a única conquista da Natura quanto aos salários recentemente. Em 2022, a companhia acabou com a desigualdade salarial baseada em gênero e reduziu as diferenças brutas de pagamentos entre os países latinos.

Para Benevides, as novas políticas de remuneração aproximam ainda mais a companhia da busca pela equidade e o fim dos vieses. “Se existe um viés, ele interfere. Garantir um salário justo, independentemente de gênero, raça ou origem, é fundamental para uma perspectiva neutra e isenta, que respeite o indivíduo”, explica.

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