A bandeira LGBT (Javier Zayas Photography/Getty Images)
Marina Filippe
Publicado em 23 de junho de 2022 às 08h00.
A consultoria global Great Place To Work (GPTW) divulga os resultados da pesquisa Diversidade e Inclusão (D&I), realizada com o objetivo de mapear aspectos e características das minorias sociais dentro dos ambientes de trabalho a partir de recortes por grupos. Um exemplo é o filtro específico para a população LGBTI+.
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Dentre as principais conclusões, o levantamento revela que a grande maioria das pessoas em cargos de chefia, direção e presidência são pessoas cis heteronormativas (92%), ou seja, aquelas que se identificam com o sexo atribuído a elas ao nascer e se atraem pelo gênero oposto.
No geral, só 10% dos funcionários se autodeclaram LGBTI+. Além disso, no recorte de funcionários em cargos de liderança, apenas 8% são LGBTI+. E no caso de cargos de presidência, só 6% se autodeclaram LGBTI+. A grande maioria das pessoas em cargos de chefia, direção e presidência são pessoas cis heteronormativas (92%).
Os LGBTI+ também são os que mais escutam piadas e comentários preconceituosos: 24% afirmam terem presenciado com muita ou alguma frequência.
O grupo, que considera importante trabalhar em um ambiente inclusivo (72%), ainda é o que passa por situações de discriminação, assédio ou intimidação mais vezes, cerca de 20%.
Mais especificamente, 38% dos pansexuais (aqueles que não restringem a sexualidade ao gênero oposto, ao mesmo gênero ou gêneros binários, masculino e feminino) e 24% dos homossexuais afirmaram ter sofrido alguma discriminação, assédio ou intimidação no trabalho. Entre os heterossexuais o número é de 12%.
"A pesquisa é importante para levarmos em consideração a percepção do funcionário de alguma minoria, e sobretudo, se as práticas e ações que as empresas estão criando realmente estão tendo um impacto. Hoje vemos a pauta de diversidade e inclusão considerada estratégica na agenda corporativa pelas empresas, mas na prática não vemos isso acontecer no sentido de colocar o tema como principal e ter ações voltadas para isso", diz Raul Valle, consultor e especialista em diversidade do GPTW.
Como balanço geral, a D&I mostra que as políticas de respeito, integração e que tornam um ambiente profissional diverso, estão com uma ligeira retração na importância das diretrizes do mundo corporativo.
Além de colocar em prática, por exemplo, processos seletivos para minorias, é primário quebrar estereótipos e preconceitos dos funcionários, começando pelo topo da hierarquia.
"Acho que é falta de preparo da liderança como um todo. Se está no "DNA" que a empresa é diversa e inclusiva, é preciso alinhamentos. Assim, cada vez mais se evita que funcionários LGBTI+ se sintam vulneráveis", acrescenta Valle.
Metodologia de pesquisa
“Vemos que dentro dos grupos de diversidade, a minoria que acaba sendo mais prejudicado são os LGBTI+, primeiro, obviamente, porque são os que mais sofrem alguma discriminação nas empresas. Esse grupo também é o que mais preza por um ambiente de trabalho inclusivo e que considera que as boas ações e práticas aplicadas nas empresas são pouco ou nada eficientes", diz Valle.