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Aos 75 anos, ONU quer mais ambição das empresas em sustentabilidade

Para a organização, este ano marca o início da “década da ação” e as companhias devem trabalhar para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Sede da ONU em Genebra, na Suíça: para atingir os ODS, será preciso viabilizar mudanças sistêmicas na economia (Stefan Cristian Cioata/Getty Images)

Sede da ONU em Genebra, na Suíça: para atingir os ODS, será preciso viabilizar mudanças sistêmicas na economia (Stefan Cristian Cioata/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 26 de outubro de 2020 às 11h19.

Última atualização em 26 de outubro de 2020 às 12h36.

Não há mais tempo para discursos bonitos desprovidos de ações concretas. Para a Organização das Nações Unidas, 2020 marca o início da “década da ação”, em que o mundo empresarial deve aumentar suas ambições para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), conjunto de metas socioambientais definido pela organização há cinco anos, cujo prazo se encerra em 2030. 

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A ONU completou 75 anos no domingo, 25. O relacionamento oficial com o setor produtivo, no entanto, é mais recente. O Pacto Global, organismo criado para coordenar as ações com as empresas, completou 20 anos em setembro. Em seu aniversário, o Pacto divulgou um relatório com o progresso dos ODS na última meia década. A conclusão da pesquisa é que, para atingir os objetivos, será preciso viabilizar mudanças sistêmicas na economia. O discurso, apenas, não vai levar a lugar nenhum. 

Uma das conclusões do estudo é que há um abismo de diferença entre as empresas que realizam ações em prol dos ODS, medida adotada por 84% das companhias, e as que de fato integram os objetivos em suas estratégias de negócios, algo que menos da metade das companhias faz. Ao mesmo tempo, falta ambição. Apenas 39% dos pesquisados acredita que as metas adotadas por suas companhias são ambiciosas, baseadas na ciência e em demandas da sociedade. 

Os ODS são usados por países e empresas para definir projetos e políticas ambientais e de sustentabilidade. Entre as principais metas, que devem ser alcançadas em 2030, estão a de acabar com a pobreza, com a fome e assegurar uma vida saudável para todos. O descompasso entre o discurso e a ação pode estar relacionado à dificuldade de se compreender a relação entre as metas estabelecidas, a maioria delas de caráter social e ambiental, e os negócios das empresas

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Para melhorar esse entendimento, em março, a Rede Brasil do Pacto Global lançou uma nova estratégia de atuação, em parceria com a consultoria Falconi. O plano estabelece métricas e prioridades para as cerca de 900 empresas brasileiras signatárias do pacto.

Segundo Viviane Martins, presidente da Falconi, o setor empresarial brasileiro enfrenta duas questões principais em relação aos ODS, uma de governança e outra de gestão. “Em se tratando de governança, há uma necessidade de sensibilização dos presidentes e da alta diretoria das empresas”, afirma. “Eles precisam entender que isso não é uma questão de marketing, mas sim de perenidade da companhia e de mitigação de riscos.”

Na gestão, Viviane afirma que as companhias brasileiras enfrentam algumas dificuldades. De início, há um problema de como incorporar os ODS na estratégia corporativa. “É comum enxergarem esse aspecto como uma questão departamental, apenas da área de responsabilidade social”, afirma. “Na verdade, os objetivos devem permear toda a organização e ser encarados não só como algo que gera benefícios para a sociedade, mas também retorno para as empresas”.

O Brasil está atrasado 

Hoje, dos 17 ODS, o Brasil atingiria apenas um: assegurar o acesso confiável à energia para todos. O país enfrenta desafios significativos em 10 objetivos, incluindo acabar com a fome e com a pobreza. Nos quesitos construir infraestruturas resilientes e fomentar a inovação, o desafio é permanente. 

“Estamos ficando para trás”, afirma Carlo Pereira, diretor executivo da Rede Brasil do Pacto Global, órgão das Nações Unidas responsável por disseminar os ODS entre as empresas. “Em 30% dos ODS, estamos abaixo da média da América Latina”. Um risco para as empresas, associado ao mau desempenho brasileiro, está na possibilidade de convulsão social, como aconteceu nas passeatas de 2013. 

Para quem ainda se pergunta qual a relação entre desenvolvimento sustentável e os negócios das empresas, a resposta está aí: a piora nos indicadores socioambientais pode levar a agitações sociais, que geram mudanças políticas e que impactam, diretamente, a economia. 

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