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Amy Webb, futurista: "Algumas vezes as pessoas pensam que para ser ESG e resolver problemas ambientais e sociais os negócios não podem fazer dinheiro" (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 17 de setembro de 2023 às 13h07.
Última atualização em 20 de setembro de 2023 às 12h08.
De Nova York*
O Brasil é o país do futuro. Mas não é de hoje. De acordo com Amy Webb, fundadora e CEO do Future Today Institute, a frase foi usada pela primeira vez em 1941 e repetida ao longo dos anos. A escritora e futurista americana, que lançou um livro com 666 previsões, concedeu uma palestra no evento SDGs Brazil, na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York.
Para ela, é preciso primeiro olhar para o passado e o presente e entender como as companhias do país ainda estão presas no século XX. "Eu tenho muito respeito pelo ecossistema de negócios do Brasil. As companhias estão trabalhando duro para estar no futuro, mas sabemos que grande parte delas causam devastação aos povos indígenas e a Amazônia. Não podemos culpar uma empresa ou uma pessoa, mas eu não estou vendo estratégias inteligentes para mudar o status quo".
O executivo Jack Welch, ícone de gestão, continua influenciando as operações brasileiras mesmo depois de sua morte, segundo Webb. "O que ele disse ser bom foi uma estratégia de cortes de empregos, má decisões para o meio ambiente e, consequentemente para as empresas, pois isso não é sustentável e não traz inovação".
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O Brasil do futuro só pode então ser construído com mudança de pensamento ao olhar para o que os líderes inovadores estão fazendo ao redor do mundo. "Minha questão para hoje é: e se Brasil puder ser rico e verde no futuro? Penso que algumas vezes as pessoas pensam que para ser ESG e resolver problemas ambientais e sociais os negócios não podem fazer dinheiro".
Para pensar naquilo que o Brasil pode ser, Webb usou de exemplo a agropecuária. "Os brasileiros comem cerca de 40 quilos de frango por ano. E eu não entendo isto, especialmente com o consumo de carne aumentando e consequentemente o uso de terra para a agropecuária. As florestas são removidas para haver mais espaço para agricultura. E isto não é bom para o meio ambiente. Uma fazenda do futuro tem um “bioreator” para produzir carne a partir de insumos biológicos que molecularmente é mesma coisa que uma vaca, mas sem desmatamento". afirma.
Para ela, a biologia sintética é um caminho para manipular o código biológico para novos propósitos. "É uma forma de usar essas tecnologia para desbloquear possibilidades, como “crescer” carne num espaço pequeno, assim como nylon, algodão, medicamentos e outros produtos. A coisa mais importante agora não é chat GP, é biologia e é nisto que o Brasil deve focar".
Ao desenvolver tecnologia é preciso considerar também a resolução de problemas políticos e sociais. "A vulnerabilidade me preocupa. O Brasil tem desafios políticos em um mundo que está se reorientado. Esta é a hora de perceber isto e mudar a estratégia para prover uma agricultura sustentável, que permita o país ser um grande exportador de soja, algodão e outros insumos sem agredir o meio ambiente", afirma.
E isto só será possível com uma estratégia de negócios mais agressiva. "O Brasil pode criar um futuro melhor e é por isto que estamos aqui, mas é preciso agilidade e agressividade. No presente podemos fazer decisões de operações, algo que as empresas brasileiras sabem fazer. Mas ainda é necessária mais visão de longo prazo e tomada de risco. O Brasil é o país do futuro, e penso que podem ser bons anscenstrais no furuto se forem bons líderes de negocio hoje".
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