ESG

Para driblar alta no custo, setor de energia solar aposta em assinaturas

Modelo permite que a contratação seja feita online. Economia na conta de luz pode chegar a 15%

Fazenda solar da Órigo: empresa promete redução de até 15% na conta de luz (Órigo/Divulgação)

Fazenda solar da Órigo: empresa promete redução de até 15% na conta de luz (Órigo/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 20 de julho de 2021 às 15h35.

Última atualização em 20 de julho de 2021 às 15h37.

A energia solar é limpa e barata. Porém, não é para todos. Afinal, instalar um sistema de geração fotovoltaica no telhado de uma residência não sai por menos do que 15 mil reais. Mas, assim como a indústria automotiva tenta driblar a alta do preço dos veículos oferecendo planos de aluguel anuais, o setor solar investe no modelo de compartilhamento de equipamentos. Na prática, isso significa que é possível usufruir da energia solar por meio de uma assinatura.

O modelo funciona a partir de créditos que são obtidos por grandes fazendas solares. Essas geradoras vendem a energia para as distribuidoras e, depois, repassam parte dos créditos recebidos dessa venda para os consumidores. Como a energia solar é mais barata do que outras fontes -- por exemplo, a hídrica -- elas conseguem oferecer um desconto.

Segundo a Órigo Energia, uma das empresas que oferece esse tipo de assinatura, um consumidor que gasta 200 reais de energia consegue comprar a mesma quantidade por 170 reais, caso assine o serviço – uma economia de 15%. Rodolfo Molinari, diretor geral da empresa, aponta que os benefícios da energia solar compartilhada incluem desde aspectos ambientais até sociais, como a democratização das fontes limpas de eletricidade.

Desde 2017, quando iniciou a operação, a Órigo estima que evitou a emissão de 8 mil toneladas de gases de efeito estufa e promoveu uma economia de 20 milhões de reais a seus clientes, que somam mais de 10 mil. “É um fator que representa um importante reforço na renda familiar”, aponta Molinari.

Todos querem um lugar ao sol

A geração própria de energia solar alcançou a marca de 6 gigawatts de potência no Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). A capacidade é equivalente a 40% da potência da usina de Itaipu, a maior hidrelétrica brasileira. A procura por projetos residenciais mais do que dobrou de janeiro a maio deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Portal Solarmarketplace de fornecedores de equipamentos e serviços para geração fotovoltaica.

O levantamento foi feito com base nos acessos ao portal, que somaram 2,5 milhões no período, um crescimento de 117%. Segundo Rodolfo Meyer, CEO da empresa, a crise hídrica atual, que está gerando o risco de racionamento de energia, contribui muito para o aumento da procura.

“Certamente, o avanço da energia solar nos telhados e pequenos terrenos é parte da solução para a crise hídrica e para o risco de racionamento no Brasil, além de ser uma fonte limpa e barata”, afirma Meyer.

Pandemia eleva o custo em 25%

O aumento na demanda e a dificuldade de importação, em função do câmbio fizeram o custo dos sistemas de geração disparar. Entre março de 2020 e junho de 2021, os preços subiram até 25%, dependendo do tamanho do projeto. Em média, os valores subiram 19% (confira tabela).

A elevação dos custos varia conforme a potência do sistema. A maior subida se deu em sistemas de 100 kWp, sistema capaz de gerar cerca de 1.500 quilowatts-hora (KWh), o suficiente para abastecer um comércio de médio porte (os números são aproximados e consideram a incidência solar na região de São Paulo).

O custo de um projeto com essa potência, atualmente, está na casa dos 330 mil reais. Os dados são de um levantamento feito pelo Portal Solar, um marketplace de equipamentos e serviços para geração distribuída, como é chamada, no jargão técnico, a geração residencial de energia.

No atual cenário, o modelo por assinatura se mostra atrativo. Mas, ele não está disponível em todos os estados. São Paulo, por exemplo, não conta com esse tipo de fornecedor.

Quanto custa instalar um sistema de energia solar

Porte mar/20jun/21Aumento
Sistema 2,07 kWpR$ 14.550,00R$ 15.862,009%
Sistema 3,45 kWpR$ 18.760,00R$ 21.868,0017%
Sistema 5,52 kWpR$ 24.012,00R$ 29.302,0022%
Sistema 8,28 kWpR$ 35.892,00R$ 40.089,0012%
Sistema 10,69 kWpR$ 44.279,00R$ 48.371,009%
Sistema 16,56 kWpR$ 60.859,00R$ 74.736,0023%
Sistema 20,7 kWpR$ 73.752,00R$ 91.059,0023%
Sistema 52,44 kWpR$ 170.112,00R$ 211.669,0024%
Sistema 102,47 kWpR$ 332.535,00R$ 415.192,0025%
Sistema 310,5 kWpR$ 975.135,00R$ 1.190.126,0022%
Acompanhe tudo sobre:EletricidadeEnergia renovávelEnergia solar

Mais de ESG

Resultado da Mega-Sena concurso 2.797; prêmio é de R$ 8,9 milhões

Quase um quinto dos casos de dengue pode ser atribuído à mudança climática, afirma estudo

Conflito na COP29 cresce enquanto sauditas resistem a reafirmar promessa sobre combustíveis fósseis

Ternium x CSN: Em disputa no STF, CVM reforça que não houve troca de controle na Usiminas