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Alternativa: 49% das cidades brasileiras são vulneráveis às estiagens, que podem ter problema amenizado com poços artesianos (Getty Images)
Jornalista
Publicado em 8 de agosto de 2024 às 07h30.
É com as águas subterrâneas que fábricas, escolas e shoppings, por exemplo. Em uma situação emergencial, como as enchentes que tomaram o Rio Grande do Sul, em maio passado, e que comprometeram os sistemas de fornecimento das cidades, essa fonte de abastecimento pode garantir que desde o tratamento de um paciente sob internação hospitalar até a irrigação de uma propriedade rural.
Como cita José Paulo Netto, presidente da Associação Brasileira das Águas Subterrâneas (Abas), a atividade é responsável por mais de 624 m³/s de água potável, extraída de 2,8 milhões de poços tubulares. Ela é destinada a suprir as necessidades de cadeias econômicas e setores de atividade que vão da saúde à hotelaria; do varejo à indústria química, passando pela agricultura e setor têxtil.
Em São Paulo, por exemplo, 15% da água da região metropolitana provém de água subterrânea e chega-se a 90% no caso de unidades consumidoras como shoppings e hospitais. Ricardo Hirata, vice-presidente da Abas, completa: "A água subterrânea é o sistema mais resiliente".
Entre os dias 12 e 15 deste mês, a Abas vai promover o XXIII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, o maior evento do setor na América Latina, que reunirá o XXIV Encontro Nacional de Perfuradores de Poços, e a Fenagua 2024, com a participação de pesquisadores, profissionais e empresas de recursos hídricos e ambientais.
“O setor precisa mostrar para a sociedade o potencial das águas subterrâneas como recurso estratégico, como preconizado pela Política Nacional de Água e Saneamento”, diz o presidente da Abas ao se referir ao recurso mais explorado no subsolo do Brasil.
Nesse contexto, o representante do setor ressalta ainda o efeito dos extremos climáticos, como os longos períodos de estiagem e os grandes volumes de chuvas como fatores que influenciam ainda mais nas discussões sobre o futuro dessa fonte de fornecimento. Segundo a associação, 49% das cidades brasileiras são vulneráveis às estiagens.
As águas subterrâneas, responsáveis por manter a perenidade de 90% dos rios, manguezais e pântanos, também são fonte de abastecimento, total ou parcial, de cerca de 52% dos municípios brasileiros.
Time de especialistas
Na terça-feira, dia 13, na abertura oficial do evento, no dia 13, no Espaço ARCA, estão confirmados especialistas como Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP e primeiro brasileiro membro da Royal Society; Cesar Louvison, coordenador de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo; Ricardo Burg, do Projeto Aquífero Guaraní PPM – PAE/SAG; Jorge Rucks, do Banco de Desarrollo del Uruguay; Suzana Maria Gico Lima Montenegro, da APAC – Agência Pernambucana de Águas e Clima; Maria Antonieta Mourão, do SGB – Serviço Geológico do Brasil; Giovanna Setti, da AESAS; Reginaldo Bertolo, da USP/CEPAS e Nazareno Marques de Araújo, da ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico.
Outro destaque, no dia 14, é a participação de Ramon Aravena, professor emérito da Universidade de Waterloo (Canadá) e ganhador da Medalha Vernadsky da Associação Internacional de Geoquímica (IAGC), que vai falar sobre os isótopos na fronteira do conhecimento geoquímico e hidrogeológico.
No último dia do evento, Bridget Scanlon, professora pesquisadora do Bureau of Economic Geology, Jackson School of Geosciences, da Universidade do Texas, trata do tema da avaliação e sustentabilidade dos recursos hídricos globais no contexto de extremos climáticos. Também farão parte dos debates a segurança hídrica e alimentar, as cidades do futuro, os microplásticos e bactérias resistentes.