Carne bovina: evitar o consumo reduz os impactos no meio ambiente? (Tricia Vieira/Divulgação)
O mercado de hambúrgueres e outros alimentos à base de plantas cresce em ritmo acelerado. A crescente preocupação de consumidores em buscar alimentos saudáveis e com menor impacto ao planeta lidera essa transição, que também é vista em grandes indústrias que, a exemplo da JBS, adquirem pequenas empresas do setor. Mas a substituição da carne animal por proteínas vegetais é mesmo vantajosa para o meio ambiente? Segundo uma pesquisa da Blend Group encomendada pela foodtech Fazenda Futuro, a resposta é sim.
O estudo buscou relacionar os resultados dos últimos dois anos de operação da empresa brasileira aos benefícios ambientais do consumo de seus produtos por flexitarianos, vegetarianos e veganos no período. Segundo o estudo, desde que a Fazenda Futuro começou a operar, em 2019, foram evitadas as emissões de 102.430 toneladas de carbono.
Além disso, 19,9 milhões de litros de água doce foram economizados, quando comparado ao volume utilizado para a produção de carne animal - um volume que corresponde a 132 dias da vazão das Cataratas do Iguaçu, segundo a pesquisa.
A pesquisa também comparou o consumo de carne bovina comum ao tradicional hambúrguer vegetal da marca, o Futuro Burger. A substituição pela opção à base de plantas uma vez por semana, calcula o Blend Group, é capaz evitar a emissão de 1,5 tonelada de CO2 em um ano, o mesmo emitido por um carro de passeio no trajeto Natal (RN) - Porto Alegre (RS), por duas vezes.
"O resultado deste estudo é muito satisfatório, mas continuaremos trabalhando para que a preservação daqui para frente seja ainda maior. Estamos em constante evolução não apenas para que os produtos sejam mais saborosos e saudáveis, mas para que o meio ambiente siga sendo realmente preservado", afirma Marcos Leta, fundador da Fazenda Futuro.
Para continuar com as conquistas e metas importantes, a marca divulgou uma série de novos compromissos ambientais. Entre eles, a Fazenda Futuro disse que passará utilizar apenas insumos sem organismos geneticamente modificados, além de fomentar práticas sustentáveis de agricultura, adotar práticas de eficiência energética e ampliar o abastecimento feito por fontes de energia limpa.
A demanda por produtos de origem vegetal é puxada por consumidores cada vez mais preocupados com a saúde e atentos aos impactos ambientais associados à produção de proteína animal pela agropecuária. O mercado "plant based" cresce mais de 6% ao ano e deve somar US$ 10.9 bilhões em todo o mundo até 2022. Já no Brasil, o mercado de proteína vegetal cresce a 11% ao ano.
Parte desse crescimento também é visto nos números da Fazenda Futuro.
Criada em abril de 2019 por Marcos Leta, da marca de sucos Do Bem (vendida para a Ambev), e Alfredo Strechinsky vendeu mais de 2 milhões de hambúrgueres à base de plantas nos primeiros seis meses de operação em cerca de 4.000 pontos comerciais disponíveis na época. Hoje, são mais de 10.000 pontos de vendas, em 20 países.
Em setembro, a startup brasileira recebeu um aporte de 115 milhões de reais, elevando seu valor de mercado para 715 milhões de reais. O investimento foi liderado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a Exame), ENFINI Investments (Grupo PWR Capital), Monashees e Go4it Capital.
Acompanhado do apetite de investidores, a mudança nos hábitos de consumo da população também aquece o setor e aumenta a demanda por hambúrgueres e alimentos vegetais. A rede de hamburgueria Bob’s, por exemplo, tem agora duas opções de lanches feitos de carne vegetal. Um deles oferecido em parceria com a Fazenda Futuro.
Hoje, o portfólio da marca conta com o Futuro Burger, Futuro Burger Defumado, Carne Moída do Futuro, Almôndega do Futuro, Futuro Frango e Linguiça do Futuro, todos sem glúten, sem transgênicos e sem qualquer proteína animal. Entre os ingredientes usados estão proteína de soja, de grão de bico, beterraba, óleo de coco e alga marinha.
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