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A petroleira americana Exxon: os maus tempos para os combustíveis fósseis não abalam a convicção da petroleira no seu negócio principal: a produção de petróleo (Divulgação/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 30 de outubro de 2020 às 05h59.
Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 08h32.
A petroleira Exxon divulga seus resultados nesta sexta-feira, 30. A expectativa é de mais um trimestre de prejuízo, o terceiro consecutivo. No segundo trimestre, as perdas foram de 1,1 bilhão de dólares, puxadas pelas fortes quedas na demanda por energia e nos preços do petróleo em razão da pandemia de covid-19.
Foi a primeira vez em três décadas que a Exxon registrou prejuízos por dois trimestres consecutivos. A expectativa, agora, é de que a má fase continue. Como consequência, a avaliação de mercado da petroleira hoje, de 136 bilhões de dólares, é inferior a do Zoom, plataforma de videoconferências adotada maciçamente durante a pandemia. Atualmente, a avaliação de mercado do Zoom está em 141 bilhões de dólares.
Os maus tempos para o setor fóssil não abalam a convicção da petroleira no seu negócio principal: a produção de petróleo. O presidente da companhia, Darren Woods, recentemente, enviou um e-mail aos funcionários fazendo uma ampla defesa dos combustíveis fósseis, chamando-os de “propósito superior” que ajuda a prosperidade global em um momento em que rivais europeias veem as energias renováveis como o futuro.
Um discurso motivador, não fosse pelo fato de, no mesmo e-mail, Woods comunicar que a empresa planeja um corte de funcionários, ainda sem um número especificado -- mas, pelo tom da conversa, deve ser significativo. Nesta semana, a petroleira também anunciou que vai vender suas operações no Mar do Norte, num movimento para se livrar de antigos poços de petróleo que já não rendem tão bem quanto antes.
As concorrentes da Exxon também não passam por bons momentos em virtude da queda dos preços do combustível. A estratégia de Shell, Total, BP e outras gigantes, no entanto, não é esperar uma retomada da economia. Elas estão investindo pesado em energias renováveis. A BP, por exemplo, anunciou em setembro que pretende cortar a produção de petróleo em 40% e multiplicar por 20 os seus negócios de energia limpa, incluindo uma operação de etanol no Brasil.
Este ano, as fontes renováveis de energia são as únicas que apresentaram crescimento, embora menor do que 1%. O ano também marca uma virada em termos de custos. Pela primeira vez, as energias eólica e solar se tornaram mais baratas do que o carvão, combustível fóssil que emite a maior quantidade de carbono e, até o ano passado, era o mais utilizado no mundo.