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“A descarbonização é a maior transformação da economia global deste século", diz porta-voz da ONU

Simon Stiell pediu a ação do poder público e da iniciativa privada e lembrou que investimentos devem ir além da energia solar e eólica

ONU: investimentos em maior resiliência aos efeitos das mudanças climáticas, como as enchentes no RS, precisam atrair investimentos públicos e privados, segundo Stiell (Anselmo Cunha/AFP)

ONU: investimentos em maior resiliência aos efeitos das mudanças climáticas, como as enchentes no RS, precisam atrair investimentos públicos e privados, segundo Stiell (Anselmo Cunha/AFP)

Paula Pacheco
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 24 de setembro de 2024 às 19h01.

Última atualização em 25 de setembro de 2024 às 11h46.

A descarbonização é inevitável e constitui a maior transformação da economia global deste século. A declaração de Simon Stiell, secretário executivo da ONU Mudanças Climáticas (UNFCCC) foi feita durante o Fórum de Investimento Sustentável, que acontece nesta terça-feira, 24, evento que acontece em paralelo à Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

O porta-voz do braço sobre mudanças climáticas da ONU admitiu, nas suas palavras, que há "muitos ventos contrários". Ele citou como exemplo as definições políticas inconsistentes ou ambíguas, taxas de juro elevadas e desafios em termos de oferta.

Por outro lado, segundo Stiell, é possível aproveitar as oportunidades no contexto das energias limpas e das infraestruturas e reduzir os custos climáticos em espiral. Ele lembrou em seu discurso que os fluxos financeiros para a ação climática estão já estimados em mais de US$ 1 trilhão.

Só este ano, segundo o representante da ONU, o investimento em energia solar fotovoltaica deverá aumentar para mais de US$ 500 bilhões. Atualmente, há mais dinheiro sendo investido em energia solar do que em todas as outras tecnologias de produção de eletricidade combinadas. "Já não estamos a falar de energia alternativa ou de qualquer coisa alternativa", ponderou.

Para Stiell, a oportunidade de investimento não está apenas na energia solar e eólica. As próprias mudanças climáticas e suas consequências têm estimulado o desenvolvimento de soluções do dia a dia, como por exemplo, o aquecimento de ambientes em tempos de baixas temperaturas e o resfriamento quando os termômetros sobem, como se vê nos últimos meses no Brasil. Sem contar a necessidade de se investir em soluções mais resistentes às chuvas mais severas, como as que ocorreram no Rio Grande do Sul, em maio passado. "É necessária uma transformação em todos os setores, o que implica oportunidades em todos eles."

Dinheiro centralizado

No entanto, segundo avaliação, a grande maioria dos recursos tem sido canalizada para projetos nas maiores economias, o que marca o avanço da energia limpa de forma desigual e revela que os investidores estão perdendo oportunidades.

"Se mais países em desenvolvimento não virem mais deste dilúvio crescente de investimento no clima, rapidamente consolidaremos uma perigosa transição global. Nas vias mais rápidas, as empresas do bem capitalizado Norte global colhem enormes lucros à medida que a transição ganha ritmo e escala", avaliou Stiell.

Na avaliação do secretário executivo, muitos países em desenvolvimento têm se esforçado para acelerar o ritmo em direção à transição energética, mas "são prejudicados por custos de capital elevadíssimos, muitas vezes baseados em percepções antiquadas ou mal fundamentadas do risco nestes mercados, ou atolados em crises de dívida em espiral".

"A injustiça e o desequilíbrio não só são inaceitáveis, como também são auto-destrutivos para todas as economias", frisou. Isso porque, segundo Stiell, tornará quase impossível reduzir para metade as emissões globais até 2030, a caminho do "net zero", "sem o qual nenhuma economia, incluindo a maior, pode sobreviver à crescente carnificina climática".

Além disso, analisou o secretário executivo, as cadeias de abastecimento são interdependentes e os sistemas econômicos cada vez mais "bagunçados", como se vê com as graves secas e incêndios que avançam sobre a produção alimentar em regiões-chave, ou ainda reduzindo o tráfego marítimo a um ritmo lento em corredores-chave. Esses problemas poderão parecer pequenos com o avanço de uma crise climática não, especialmente se não não for possível escoar mais investimento para cadeias de abastecimento mais resistentes ao clima.

"Apesar de todas as conversas recentes sobre desglobalização ou nearshoring, o nosso mundo e a nossa economia global são interdependentes. E caso se instalar uma transição global a duas velocidades, em última análise, todos perdem, e perdem muito", disse.

O representante da agência da ONU defendeu um novo acordo de financiamento para o clima -  não apenas de um valor para o financiamento público, mas um compromisso para que os fundos "fluam" e que os recursos venham de mais fontes, tanto de financiamento público e via concessões, mas também financiamentos mistos, viabilizado por reformas sérias dos bancos de desenvolvimento e políticas climáticas governamentais mais fortes.

"São necessários progressos sérios e urgentes, tanto nas negociações sobre o clima em Baku (COP29) este ano como pelos ministros do G20 que são acionistas dos grandes bancos de desenvolvimento", defendeu, lembrando do papel governamental na liderança e do setor privado.

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