ESG

A busca de equidade e as urnas

"Uma sociedade livre é uma conquista moral", Lord Rabbi Jonathan Sacks

Daniela Grelin: Para que as mulheres sejam ouvidas e para que seus interesses e suas soluções sejam de fato defendidos, é preciso que elas estejam proporcionalmente presentes nos espaços de formulação, priorização e implementação das políticas a ela dedicadas (LordHenriVoton/Getty Images)

Daniela Grelin: Para que as mulheres sejam ouvidas e para que seus interesses e suas soluções sejam de fato defendidos, é preciso que elas estejam proporcionalmente presentes nos espaços de formulação, priorização e implementação das políticas a ela dedicadas (LordHenriVoton/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2022 às 08h01.

Por Daniela Grelin*

É preciso trazer à nossa memória coletiva a noção de que uma sociedade livre e equitativa é, fundamentalmente, uma conquista. Talvez, tendo nos beneficiado de décadas de um regime democrático que, a despeito de suas insuficiências, ainda é a melhor expressão política de uma sociedade livre, tenhamos caído na tentação de tomar o direito de expressar livremente nossas escolhas como algo certo e permanente. Não é.

Como nos lembra Benjamin Franklin: “Somente um povo virtuoso é capaz de liberdade”. A sua conquista, defesa, manutenção e exercício  tem uma dimensão moral e, portanto, depende de cada um de nós. Eis um privilégio e uma responsabilidade indelegável. Assim como ocorre na defesa de uma sociedade livre e democrática, a busca da equidade é também uma conquista que perpassa a consciência moral de cada um de nós e, por consequência, encontra sua expressão no exercício do voto.

Escolho falar na dimensão moral da busca da equidade em vez de falar em direitos, porque quando falamos em ‘direitos’ ocorre um estranho fenômeno. É como se ocorresse uma cisão em que a dimensão de responsabilidade inerente ao exercício de direitos ficasse delegada ao estado, este ente coletivo que é o outro, e a dimensão de usufruto fosse reservada a mim, que sempre me enxergo como sujeito de direitos, nunca como agente responsável por sua concretização.

Pois bem, é justamente para evitar esta cisão e deixar bem claro que a conquista e a concretização de direitos dependem de todos nós, que os convido a pensar na oportunidade que as urnas representam na construção de uma sociedade que valoriza e respeita as mulheres.

Ora, na prática, o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à saúde, à educação, à segurança e tantos outros assegurados à mulher em nossa constituição precisa ser traduzido em políticas públicas que levem em consideração as preocupações mais prementes das brasileiras. No entanto, muito frequentemente, as dores e anseios vivenciados pelas mulheres em suas experiências pessoais estão ausentes dos debates públicos.

Existem muitos candidatos e partidos dispostos a falar para e pelas mulheres e muito poucos genuinamente comprometidos em ouvi-las. Se não, vejamos. Qual foi a última vez em que você viu os seguintes temas pautarem os programas e propostas dos partidos e candidatos: (i) a atenção ao câncer de mama, causa número um de morte para a brasileira adulta, e (ii) o enfrentamento às violências contra meninas e mulheres, flagelo que afeta uma entre cada três pessoas do sexo feminino no Brasil e no mundo?

Este é um teste, entre muitos outros possíveis, para que se estabeleça um parâmetro de distinção entre plataformas em que o compromisso com os assuntos vistos como femininos são meramente performáticos e retóricos e aqueles que realmente se comprometem com a recomposição da prioridade institucional, orçamentária e programática das demandas prementes que as mulheres experimentam em sua esfera privada, apenas para vê-las esquecidas no debate público.

Para que as mulheres sejam ouvidas e para que seus interesses e suas soluções sejam de fato defendidos, é preciso que elas estejam proporcionalmente presentes nos espaços de formulação, priorização e implementação das políticas a ela dedicadas. Lembremos disso em nosso caminho para as urnas.

Para conhecer mais sobre algumas pautas urgentes para as mulheres e propostas de soluções eficazes, acesse a Carta aos Candidatos à Presidência.

*Daniela Grelin é diretora executiva do Instituto Avon.

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