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77% dos solos se tornaram permanentemente secos nos últimos 30 anos, aponta ONU

Aumento da área seca foi de 4,3 milhões de km²; relatório é divulgado em meio à COP16 da Desertificação, que reúne líderes globais para evitar que a seca impacte 5 bilhões de pessoas até 2100

As secas já causam prejuízos econômicos significativos e são percebidas pelas lideranças locais como uma ameaça à estabilidade social e política. (Yuliasis/envato)

As secas já causam prejuízos econômicos significativos e são percebidas pelas lideranças locais como uma ameaça à estabilidade social e política. (Yuliasis/envato)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 11h59.

Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 12h28.

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Cinco bilhões de pessoas podem ser afetadas pela desertificação e seca permanente das terras até 2100. A informação é de um relatório da Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação (UNCCD), braço da ONU que realiza até o dia 13 de dezembro a COP16 em Riade, na Arábia Saudita. A Conferência é a primeira do tema a ser realizada no Oriente Médio, uma das regiões que mais sofrem com a seca extrema.

De acordo com o estudo, 77% da terra se tornou mais seca de forma permanente ao longo dos últimos 30 anos. A área seca em todo o mundo viu um aumento de 4,3 milhões de km², território 30% maior que a Índia. Com esse aumento, as secas ocupam 40% de todo o planeta.

A aridez global também viu um aumento significativo. Mais de 7% das terras ultrapassaram os limites – passando de não secas para secas e secas menos áridas para categorias mais áridas.

As mais afetadas foram as pastagens úmidas, que avançaram em se tornar mais secas. Os efeitos para esse tipo de solo são mais vistos na agricultura, na biodiversidade e na qualidade de vida das populações ao entorno.

De acordo com a pesquisa, a redução das emissões de gases de efeito estufa é essencial para frear as secas em todo o planeta: sem a transição para uma economia de baixo carbono, mais 3% de áreas úmidas do planeta se tornarão secas até o fim do século. Segundo estudo, as regiões mais afetadas são: centro dos Estados Unidos, centro do México, norte da Venezuela, nordeste do Brasil, sudeste da Argentina, sul da Austrália, todo o Mediterrâneo e grandes áreas de África Austral.

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O principal fator para essa transformação é, de acordo com a ONU, as mudanças climáticas de ação humana, como as emissões a partir de setores como energia, transporte, indústrias e as mudanças no uso do solo. Esses gases gerem o aquecimento do planeta e impactam as chuvas, a evaporação das águas e a presença da biodiversidade.

Impacto no Brasil

O relatório destaca o Brasil como o terceiro local com mais pontos críticos para a seca extrema, sendo a Europa e o oeste dos Estados Unidos os pontos com maior impacto. Sem as mudanças devidas, as terras brasileiras e norte-estadunidenses perceberão a escassez da água e os incêndios florestais se agravando e se tornando perigos permanentes a partir do aumento da seca ao longo deste século.

Na Europa Meridional (ou Mediterrânea, como Espanha, Portugal, Itália, Grécia e Turquia, além dos microestados) e no Mediterrâneo, a agricultura enfrenta “um futuro sombrio” a partir da expansão das condições semiáridas, podendo comprometer a economia nacional.

As áreas de biologia megadiversa, como África Central e partes da Ásia, podem sofrer com a extinção ou diminuição de inúmeras espécies, segundo a pesquisa, a partir da degradação dos ecossistemas.

Como comparativo, a pesquisa mostra que apenas 22% das terras do planeta foram expostas a mais umidade, como parte dos Estados Unidos, na costa angolana e no sudeste asiático.

De acordo com o pesquisador-chefe da UNCCD, Barron ORR, é a primeira vez que um órgão de pesquisa da ONU alerta que a queima de combustíveis fosseis tem um impacto sobre a seca permanente de grandes partes do mundo. “Os impactos potencialmente catastróficos afetam o acesso à água, o que pode levar pessoas e a natureza ainda mais perto de pontos de ruptura desastrosos”, explica.

Nichole Barger, presidente da Interface de Ciência Política da ONU, conta que as ferramentas para responder às necessidades ambientais estão disponíveis – o que importa é temos a vontade de agir. “Sem esforços coordenados, bilhões de pessoas enfrentarão um futuro marcado pela fome, deslocamento e declínio econômico. A humanidade pode enfrentar esses desafios se adotarmos soluções inovadoras”, diz.

Soluções para a desertificação

O relatório da ONU aponta para estratégias que podem ajudar a combater a seca extrema no âmbito global:

Monitorar a aridez: assim como os países medem as secas atualmente, a detecção precoce de aridez pode ajudar a orientar as ações.

Melhor uso da terra: garantir o melhor uso da terra e a participação das populações indígenas e locais na proteção ambiental.

Eficiência hídrica: tecnologias para a captação da água de chuva e distribuição da água, como irrigação por gotejamento e a reciclagem de águas ajudam a manter o uso equilibrado da água em regiões de maior escassez.

Cooperação internacional: discutir os problemas em comum e as formas utilizadas por cada governo para corrigir a aridez pode ajudar países de diferentes portes sobre como enfrentar a seca extrema.

Acompanhe tudo sobre:SecasChuvasCOP16Emissões de CO2

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