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Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart: startup monitora mais de 800 hectares pelo Brasil (Germano Lüders/Exame)
A vida no campo não foi nada fácil em 2020. Os altos e baixos na cotação do dólar elevaram o preço de insumos importantes, como os defensivos agrícolas. O clima mais instável dificultou a tomada de decisão sobre o melhor momento para plantar e colher a safra. Toda essa instabilidade é sinal de oportunidades de negócios para a startup Agrosmart, fundada em Itajubá, no sul de Minas Gerais, e hoje sediada em Campinas, no interior paulista.
A startup quer ser o braço direito do agricultor na hora de tomar decisões. O objetivo é popularizar a tecnologia no campo e, assim, produzir mais com menos — seja para evitar a escalada de despesas com matérias-primas, seja para agradar aos consumidores cada vez mais interessados em saber tim-tim por tim-tim como foi feito o alimento que põe à mesa e é claro, qual é o impacto dele no meio ambiente.
Para os produtores, a startup faz o papel de definir as melhores condições para o plantio, e isso tudo só é possível com tecnologia: a Agrosmart monitora mais de 30 tipos diferentes de cultivos através de dados captados por sensores instalados nas fazendas ou por drones. Essa segunda opção acabou se tornando uma solução viável para os produtores que, devido à pandemia, encontraram maior dificuldade em se deslocar até o campo. Depois de sete anos no mercado, a área coberta pela tecnologia da empresa hoje já é equivalente a 800.000 campos de futebol.
Na busca por mais produtividade, surge também a necessidade de as empresas medirem o impacto ambiental da cadeia produtiva, partindo da avaliação da conduta dos fornecedores diretos. A startup também está nesse meio campo, mirando empresas que buscam o tão sonhado selo ESG (sigla para os critérios sociais, ambientais e de governança).
A partir das previsões certeiras da Agrosmart, companhias podem rastrear com mais facilidade informações como a pegada de carbono e o consumo de água das colheitas - critérios indispensáveis para que possam garantir a real sustentabilidade nas suas operações.
Parte da missão da startup é também definir as melhores condições para o plantio de cada produto e garantir colheitas mais eficientes para o pequeno produtor - uma prática ligada ao conceito de agricultura regenerativa. Segundo Vasconcelos, a coleta de dados no campo e a inteligência produtiva permitem aos produtores rurais uma maior assertividade, poupando até mesmo gastos com defensivos agrícolas e agrotóxicos. “A produtividade passa a ser algo natural quando, com a ajuda da tecnologia, você passa a entender o campo e as condições de cada plantio”, diz.
As mudanças climáticas são uma importante pauta no dia a dia da startup. A escassez de chuvas e temperatura nas alturas são um dos principais fatores a comprometer lavouras de Norte a Sul do país. Unida da incerteza climática, a digitalização impulsionada pela pandemia só ajudou a tornar o negócio mais conhecido - e bem-sucedido.
Em 2020, a startup teve um dos melhores desempenhos desde o seu surgimento. O faturamento da Agrosmart cresceu 90% no último ano em comparação com 2019, tornando a agtech em uma das mais promissoras do setor. “A demanda, seja do ponto de conscientização do consumidor ou do risco financeiro, cresceu bem mais do que imaginávamos”, diz Mariana Vasconcelos, sócia fundadora e presidente da Agrosmart.
O investimento em digitalização já era algo que fazia sentido no agro, mas passou a ter ainda mais importância com a pandemia e a escalada na demanda produtiva na agricultura. “Antes nos preocupávamos em como faríamos o rastreamento. Agora há uma compreensão que é uma demanda do mercado, o que traz um potencial imenso para o Brasil”, diz. “Não é mais necessário convencer os produtores sobre os benefícios da digitalização. Hoje isso está muito claro e é indissociável”, diz Vasconcelos.