O relatório 'A Maratona Amazônica' foi produzido pela AYA Earth Partners e traz 11 jornadas para o Brasil liderar a corrida pelo carbono zero (Divulgação/Divulgação)
O setor privado precisa começar a amplificar seu engajamento com cientistas, organizações multilaterais e povos originários para que o Brasil se torne líder mundial de uma economia de baixo carbono. É o que aponta o relatório “A Maratona Amazônica: como o Brasil pode liderar a economia de baixo carbono da Amazônia para o mundo", da coalizão AYA Earth Partners feito com apoio da consultoria Systemiq Brasil.
O documento traz análises sobre o potencial de geração de valor agregado para a economia do país e indica 11 jornadas para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da Amazônia Legal nos próximos oito anos.
A economia verde, diz o texto, poderá aumentar o PIB (Produto Interno Bruto) entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões, anualmente, até 2030, ao transformar o modelo econômico pouco eficiente no uso dos recursos naturais em um baseado na natureza, positivo para o clima e centrado em pessoas.
Para isso, será necessário um investimento em capital industrial e natural entre US$ 35 bilhões e US$ 76 bilhões por ano - valor que representa de 2 a 4% do PIB brasileiro. “Esses investimentos têm o potencial de aumentar a produtividade em todos os setores econômicos e abrir novos mercados internacionais, importantes para as exportações brasileiras, como, por exemplo, hidrogênio, metais e mineração de baixo carbono, e proteína animal sustentável, gerando um retorno aproximado de 3:1 para a economia”, destaca o estudo.
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Patricia Ellen, cofundadora da AYA Earth Partners, ao lado do empresário Alex Allard, e sócia líder da Systemiq Latam, ressalta que já existem diversas soluções sendo implementadas para impulsionar o crescimento verde do Brasil, mas que são necessários investimentos para que ganhem escala e impulsionem a ascensão nos próximos dois anos. “O Brasil é a única grande nação que pode construir uma economia mais forte, resiliente e produtiva, ao mesmo tempo em que reduz as emissões até 2030”, pontua ela, que é ex-secretária estadual de Desenvolvimento Econômico de São Paulo.
Segundo o relatório, o Brasil tem o potencial de mitigar 1,3 Gton (gigatonelada) de emissões de carbono até 2030 e contribuir com cerca de 1,9 Gton em excedente de carbono para o mundo até 2050 (carbono positivo). Nesse processo, o país poderá exportar soluções para outras nações do Sul global e inspirar uma transformação em escala mundial.
O relatório é um dos pilares da plataforma AYA formada por empresas, pessoas e tecnologias para acelerar a transição do Brasil para uma economia regenerativa de baixo carbono. Além de conteúdo, as suas ações estão focadas em soluções de negócios (articulação de matches estratégicos entre empresas) e convening por meio da sua sede, AYA Hub, localizada no Complexo Cidade Matarazzo, em São Paulo.
Veja a seguir quais são as 11 jornadas para o Brasil liderar a corrida pelo carbono zero, segundo o relatório “A Maratona Amazônica”:
1- Redefinir o valor da floresta em pé desenvolvendo uma bioeconomia robusta;
2- Agricultura sustentável: Promover práticas agrícolas positivas para a natureza e para as pessoas;
3- Descarbonizar o setor de energia e as grandes indústrias responsáveis por altas emissões;
4- Promover tecnologia e inovação para apoiar uma bioeconomia próspera;
5 - Desenvolver a mão de obra dos trabalhos para atividades de tecnologia verde no futuro;
6 - Garantir o bem-estar e a resiliência do povo amazônico, preenchendo a lacuna da desigualdade social;
7 - Promover a prosperidade fornecendo às comunidades da Amazônia as ferramentas para construir uma bioeconomia próspera;
8 - Resguardar o conhecimento ancestral para alimentar o crescimento social, espiritual e econômico;
9 - Restabelecer o Estado de Direito e fortalecer as instituições responsáveis;
10 - Desenvolver a infraestrutura financeira para mobilizar capital global para a corrida ao zero e à resiliência;
11 - Sul Global como epicentro para colaboração global: Promover a cooperação dos stakeholders por meio da construção de coalizões, ao mesmo tempo em que posiciona o Sul Global como um sistema e formador de regras.