Esfera Brasil

Um conteúdo Esfera Brasil

O papel do lítio verde na transição energética

Processo inovador utiliza energia a partir de fontes renováveis e água de reuso; também não há formação de barragens de rejeitos

Chile, Austrália, Argentina e China reúnem cerca de 95% das reservas de lítio atualmente conhecidas no planeta (AFP Photo)

Chile, Austrália, Argentina e China reúnem cerca de 95% das reservas de lítio atualmente conhecidas no planeta (AFP Photo)

Esfera Brasil
Esfera Brasil

Plataforma de conteúdo

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 18h30.

Tudo sobreSustentabilidade
Saiba mais

Com a eletrificação dos meios de transporte, seja em carros particulares ou veículos coletivos, a crescente demanda global por baterias deve provocar uma corrida por minerais que servem como matéria-prima para estes equipamentos, como o lítio. Segundo o Serviço Geológico Brasileiro, Chile, Austrália, Argentina e China reúnem cerca de 95% das reservas de lítio atualmente conhecidas no planeta, mas a grande quantidade de água utilizada nos métodos de extração encarece o processo.

No tabuleiro global, o Brasil se movimenta para se posicionar no mercado internacional, ao mesmo tempo em que vê a demanda interna por baterias crescer. A nível doméstico, somente no primeiro semestre deste ano foram vendidos mais de 79 mil carros híbridos e elétricos, trazidos ao País principalmente por montadoras chinesas, que nos últimos anos entraram pesadamente na indústria automotiva.

Com operação iniciada no Vale do Jequitinhonha (MG) em abril do ano passado e capacidade anual de 270 mil toneladas de concentrado de espodumênio – minério que se destaca por apresentar lítio em sua composição –, a Sigma Litihium tem obtido pureza de 5,1% a 6% na produção de lítio, em um processo inovador que utiliza energia a partir de fontes renováveis e água de reuso. Também não há formação de barragens de rejeitos.

Em agosto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento no valor de R$ 486,7 milhões para ampliar em 250 mil toneladas por ano a produção. A expectativa é que o setor passe a contar com cada vez mais incentivo, dadas as circunstâncias envolvendo o processo de transição energética, que prevê a redução gradativa da dependência de combustíveis fósseis.

Incentivo a cidades menores

Por ser uma região que abriga municípios menos desenvolvidos e para evitar a exploração desenfreada da mineração, o Vale do Jequitinhonha, com seus 55 municípios, passou a fazer parte dos territórios especiais da Política Nacional de Desenvolvimento Regional, de responsabilidade do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).

Segundo o governo, essa política tem como finalidade a redução das desigualdades nas regiões brasileiras, buscando o crescimento econômico sustentável, a geração de renda e a melhoria da qualidade de vida da população. Territórios considerados especiais contam  com condições diferenciadas em relação aos instrumentos de ação do ministério, assim como em relação aos fundos regionais. A aprovação do incentivo fiscal para a Sigma foi a primeira após a inclusão do Vale do Jequitinhonha nessa categoria.

Paralelamente, um projeto de lei aprovado pela Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados está em tramitação no Congresso Nacional desde o ano passado. Entre os pontos previstos por parlamentares está a criação do Sistema Brasileiro de Certificação do Lítio, que deverá obrigatoriamente detalhar as emissões relativas à cadeia de produção e destinação do minério.

Acompanhe tudo sobre:Energia renovávelSustentabilidade

Mais de Esfera Brasil

Congresso deve correr contra o tempo para regulamentar IVA

Corte de gastos, emendas e reforma ministerial: os pontos de atenção do governo neste fim de ano

Câmbio pressionado piora a inflação, diz Mansueto Almeida

Petróleo é questão de demanda global, defende Alexandre Silveira