Política de transição energética para o transporte foi tema de debate na Intermodal South America (Tulio Thome/Divulgação)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 9 de março de 2023 às 08h30.
Os desafios e as perspectivas da transição energética no setor de transportes no Brasil foram tema de um debate entre executivos de grandes empresas de diversos setores na Intermodal South America, maior evento das Américas para o transporte de carga, logística e comércio exterior, realizado em São Paulo. Segundo os palestrantes, o papel do governo na definição de políticas e o colaboracionismo entre players são fundamentais para que o país consiga alcançar as metas de descarbonização.
É consenso entre os executivos que o maior entrave para que o país evolua na transição para tecnologias e alternativas verdes é a viabilidade econômica. “Trata-se de um investimento inicial bastante alto, especialmente para os veículos elétricos, onde há também incertezas sobre a durabilidade das baterias. Embora exista tecnologia, o mercado acaba ficando resistente a começar por conta desses desafios”, disse o CEO da JSL, Ramon Alcaraz.
Para a diretora de logística da Riachuelo, Anaia Bandeira, “é necessário escolher bem a empresa parceira para caminhar juntos, pois é um aprendizado”. A executiva da rede varejista ressalta que 30% das lojas são abastecidas com o uso de veículos elétricos. “São modelos silenciosos e que podem ser utilizados no período noturno, quando não tem rodízio na capital paulista, aumentando a eficiência nas entregas”.
Veja também:
Reindustrialização em SP é prioridade no governo de Tarcísio, diz Jorge Lima
Novo arcabouço fiscal pode trazer retorno rápido e positivo no mercado
O diretor de suprimentos e sustentabilidade – Logística da Ambev, Bernardo Adão, pontua que um dos caminhos para enfrentar o problema é a colaboração: “Quanto mais players entram nesse mercado, mais soluções são oferecidas”.
Durante o painel na São Paulo Expo, Luiz Vergueiro, que é diretor sênior de operações logísticas do Mercado Livre, complementou: “Isso é construído por meio de parcerias. Se cada empresa fizer a sua parte, no futuro será possível ter maior disponibilidade de veículos com diversas fontes de energia”.
Já para Bruno Batista, diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), é necessário o envolvimento do poder público e de empresas para que a transição energética seja bem-sucedida. “Os governos devem atuar como definidores dessa política, enquanto os empresários precisam dar o primeiro passo e ser o principal drive de mudança”. Ele observa ainda que, para motoristas agregados e autônomos, o desafio é maior, visto que o custo Brasil dificulta a renovação da frota, fazendo com que muitos caminhões com mais de 20 anos trafeguem pelas rodovias do país.
Para o CEO da JSL, cabe também às grandes empresas incentivar a redução na emissão de gases de efeito estufa: “A Simpar, holding da JSL, ajuda na renovação da frota para autônomos, com opções de aluguel de veículos novos e menos poluentes, ajudando a tirar os caminhões velhos de circulação, além de financiar a compra de modelos com menor tempo de uso”.