Esfera Brasil

Um conteúdo Esfera Brasil

Nova regulamentação do mercado de carbono tem longo caminho pela frente

Especialista acredita que para ser colocado em prática, projeto brasileiro de crédito de carbono terá uma discussão longa

 (JarnoVerdonk/Mark Fox/Getty Images)

(JarnoVerdonk/Mark Fox/Getty Images)

Um assunto que vem chamando atenção das esferas pública e privada é o objetivo de reduzir o efeito estufa. O governo federal publicou no mês passado um decreto para iniciar a regulamentação do mercado de crédito de carbono no Brasil. De acordo com o governo, o foco é a exportação de créditos, especialmente para países e empresas que precisam compensar emissões para cumprir com seus compromissos de neutralidade de carbono.

O mercado de crédito de carbono consiste em um sistema de compensações de emissão de carbono ou outros gases de efeito estufa (GEE). Empresas que emitem esses gases nocivos à atmosfera podem compensar a sua poluição adquirindo títulos verdes, gerando, assim, créditos de carbono. Assim, as companhias que conseguem créditos podem vender esses ativos para empresas e países que não atingiram suas metas de redução.

A secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia (Sepec/ME), Daniella Marques, considera que, com o novo decreto, está sendo criado um mercado. “O Brasil é uma potência de crédito de carbono e será um dos maiores geradores e exportadores de crédito de carbono do mundo, conciliando preservação com monetização de ativos e criando uma agenda sustentável dentro do ciclo produtivo".

Outros pontos instituídos pelo decreto são o crédito de metano, unidades de estoque de carbono, e o sistema de registro nacional de emissões e reduções de emissões e de transações de créditos. A publicação também estabelece os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare).

Para especialistas, o decreto publicado – que foi aguardado por 12 anos - ainda tem brechas. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o professor de Economia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Ronaldo Seroa da Motta, disse que o regulamento tem singularidades se comparado a outras experiências internacionais.

“Como fazer um projeto de crédito de carbono com uma linha de base setorial, tal como prevê o decreto? Esse é um desafio técnico que trará uma discussão longa e com muito desgaste político”, explicou ele, questionando ainda o papel de outros ativos, como as unidades de estoque de carbono azul e verde, que poderão participar das negociações sem um sistema de certificação oficial previsto.

Mais de Esfera Brasil

Quem são os herdeiros da esquerda e da direita?

Plano de combate à corrupção propõe ações integradas entre ministérios

PL das eólicas offshores institui marco legal para setor

Argentina sai da recessão, mas aumento da pobreza segue como desafio para Milei