Aplicação de novas soluções dependeria de mais investimentos em políticas públicas e infraestrutura (Rota do Oeste/Divulgação)
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Publicado em 2 de abril de 2024 às 12h27.
Com foco em rotas tecnológicas mais eficientes do ponto de vista econômico e ambiental, pesquisa divulgada pelo Acordo de Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCBrasil) aponta para o biometano e o hidrogênio-elétrico com célula de combustível como alternativas viáveis para veículos pesados.
Intitulado “Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade”, o estudo sugere que, no caso dos trechos urbanos servidos por transporte público, a utilização de veículos alimentados por baterias recarregáveis é a possibilidade mais indicada. Para caminhões, o documento aponta que o biometano e o diesel de baixo carbono são opções.
“Algumas aplicações, como no caso dos chamados veículos de last mile, que atuam no perímetro urbano, e os ônibus urbanos, que possuem previsibilidade de trajeto que viabiliza a recarga, tendem a ser viáveis para o modelo elétrico”, diz trecho do estudo realizado pela LCA Consultores e MTempo Capital.
“O biodiesel e o diesel renovável se apresentam como soluções de baixo carbono que possuem sinergia com a infraestrutura vigente, sem a necessidade de investimentos adicionais que criem ou modifiquem a infraestrutura de abastecimento já estabelecida”, afirma outro trecho do estudo.
Para atender um maior número de veículos pesados elétricos, haveria necessidade de aumento da oferta de energia e maior infraestrutura de recarga e, consequentemente, mais investimentos. Da mesma forma surge como requisito uma expansão da rede de gasodutos no caso do biometano, além da aprovação de um arcabouço regulatório que estimule a produção desse tipo de combustível.
O estudo aponta que os veículos pesados correspondem a 6% da frota e são responsáveis por 57% das emissões de gases de efeito estufa. Para mitigar esses impactos ambientais, são sugeridas políticas públicas direcionadas à renovação da frota, ainda que haja entraves técnicos para que novas rotas tecnológicas sejam alavancadas atualmente. Em relação ao hidrogênio de baixa emissão de carbono, por exemplo, existiria a necessidade de incentivos temporários até que o setor alcance ganhos expressivos.
Sobre os efeitos para o meio ambiente, ainda que reconheça que a utilização de outros tipo de combustíveis colabore para a descarbonização da frota, o documento destaca a necessidade de implementação de um modelo de medição para monitorar as emissões de dióxido de carbono seguindo o mesmo padrão vigente nos países da União Europeia. Também são sugeridas políticas públicas direcionadas à renovação da frota.
“A descarbonização dos veículos pesados dependerá do casamento da viabilidade econômica, financeira e ambiental das diferentes rotas tecnológicas com as respectivas aplicações. Para que essa harmonização possa ser implementada e corretamente monitorada pela regulação, o mercado brasileiro precisará avançar no desenvolvimento de uma ferramenta que possa estabelecer padrões de medições de CO2, com o intuito de que metas críveis possam ser estabelecidas e alcançadas”, avalia o estudo.