Para conter pressão inflacionária, analistas projetam aumento de 0,5 ponto percentual na Selic (Divulgação/Divulgação)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 28 de outubro de 2024 às 15h51.
Divulgado na última sexta-feira, 25, o resultado da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) acendeu o alerta entre economistas em relação ao cumprimento da meta de inflação. No acumulado de 12 meses, o índice acelerou a 4,47%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A inflação corrente é bem monitorada porque, dependendo do que faz essa inflação acelerar, provavelmente mexe com as expectativas à frente. Por isso que o resultado reforça que o Copom [Comitê de Política Monetária] precisa aumentar a Selic”, argumentou a estrategista de Inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo. “A gente vê muito aquela parte de tendências da inflação pelos núcleos e pela parte de serviços, que é demanda. São itens muito inerciais, aqueles itens que o movimento vai refletir lá na frente. Por exemplo, um movimento de cabeleireiro em alta pode ser pelo preço de energia mais cara. Vai repassando os preços e olhando a inflação passada. A inflação passada tende a perseverar preços maiores”, acrescentou.
Nesta segunda-feira, 28, Boletim Focus divulgado pelo Banco Central elevou a 4,55% a projeção para a inflação neste ano, o que levaria a um estouro da meta de 4,5%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado formado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
A próxima reunião do Copom está prevista para ocorrer nos dias 5 e 6 de novembro, e há expectativa para um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, como forma de conter a pressão inflacionária neste fim de ano.
Vale lembrar que entre os grupos de produtos e serviços pesquisados na elaboração do IPCA-15, oito tiveram alta de preços em outubro. Durante compromisso em Londres, ainda nesta segunda, Campos Neto voltou a afirmar que a inflação de serviços é algo que afeta todo o planeta atualmente
A alta na energia elétrica, por exemplo, reflete a vigência da bandeira vermelha patamar 2 em outubro, que encarece as contas de luz e acaba resultando no encarecimento de diversos produtos e serviços que entram no levantamento do IBGE. Para Haddad, a alta recente nos preços está diretamente relacionada a fatores como a seca e a desvalorização do real diante do dólar.
“Embora os núcleos [de inflação] tenham apontado uma variação superior à esperada, a inflação deve ficar dentro da meta. No meu ponto de vista, a alta tem mais a ver com a questão do câmbio e da seca do que propriamente com algum impulso maior nos preços reiterados”, disse Haddad durante passagem por Washington na última semana.