A inflação em alta corrói o poder de compras dos consumidores e o mesmo dinheiro passa a valer menos (Paulo Whitaker/Reuters)
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Publicado em 28 de fevereiro de 2023 às 08h30.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2023 às 08h39.
Inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços. Ela está em tudo que a gente compra ou vende, além de impactar o preço do combustível, do transporte público, aluguel, entre outros. É calculada pelos índices de preços: o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), considerado o oficial pelo governo federal, e o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
Os índices medem a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. O resultado mostra se os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro. Quando há disparada dos valores, o mesmo dinheiro passa a valer menos, o que impacta todo o ciclo da economia.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), leva-se em conta no cálculo da inflação não apenas a variação de preço de cada item, mas também o peso que ele tem no orçamento das famílias.
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Na prática, se a variação do seu salário, de um ano para o outro, for menor do que o IPCA, significa que você perdeu poder de compra, uma vez que os preços subiram mais do que a renda. Já se o consumidor receber um aumento acima do IPCA, terá maior poder de compra.
Para aumentar a confiança na economia e dar mais previsibilidade para todos, o Brasil adotou em 1999 o sistema de metas para a inflação. Ela é definida com até três anos de antecedência, usando como referência o IPCA, e prevê uma margem de tolerância para cima ou para baixo de 1,5%.
O regime de metas foi adotado pela primeira vez na Nova Zelândia em 1990, depois foi seguido pelo Canadá, Chile, Israel e hoje está em mais de 20 países.
Quem decide a meta de inflação para cada ano é o Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Cabe ao BC adotar medidas para que a meta de inflação seja cumprida. O principal mecanismo para frear a alta de preços é a taxa básica de juros, a Selic. Se é preciso baixar a inflação, o BC sobe a taxa Selic. Isto porque, segundo economistas, juros mais altos deixam o crédito mais caro. As empresas fazem menos empréstimos, menos dinheiro circula na economia e, assim, os preços tendem a cair.
Mas há outro problema: se a Selic ficar alta por muito tempo, pode levar a uma desaceleração da economia. Um dos desafios é controlar a inflação e, ao mesmo tempo, garantir o crescimento econômico. Por isso, é papel do Banco Central rever a taxa de tempos em tempos.
Hoje a Selic é de 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos. É definida a cada 45 dias em reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) e é importante porque tem influência sobre as outras taxas de juros no país, como a de empréstimos, financiamento e aplicações financeiras.
O Brasil já conviveu com a hiperinflação e remarcação constante de preços, o que impedia o consumidor e empresas de qualquer planejamento. O cenário incerto prejudicava, sobretudo, os mais pobres.
As expectativas para a inflação influenciam nas decisões do dia a dia. Se os agentes econômicos esperam que a inflação vai ser mais alta, eles tendem a remarcar os preços para um nível mais alto. Se eles esperam que a inflação vai cair, evitam aumentos para não perder mercado.